Tem que fazer greve, tem que protestar, diz Plínio de Arruda Sampaio sobre USP
"Tem que fazer greve, tem que protestar", disse´o político Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP), durante o protesto de estudantes no centro de São Paulo na tarde desta quinta (10). Os manifestantes pedem o fim do convênio entre a PM (Polícia Militar) e a USP (Universidade de São Paulo) e que o reitor João Grandino Roda deixe a direção da universidade.
O protesto começou por volta das 15h30 no Largo São Francisco, fizeram passeata por ruas do centro e retornaram ao largo São Francisco, onde fazem um ato político e os estudantes pretendem se reunir em assembleia para decidir os rumos da greve na USP. Segundo a PM, há cerca de 2.000 manifestantes.
O político, que foi estudante de direito da USP em 1955, disse que estava ali para apoiar o movimento dos estudantes. "A sociedade não aceita isso", disse Arruda Sampaio sobre a operação de reinteghração de posse da reitoria da USP que ocasionou a prisão de 72 manifestantes.
"É da natureza da universidade a palavra livre", afirmou Plínio. "O policiamento tem que ser feito por funcionários da universidade." Para ele, um jeito de aumentar a segurança na USP é "colocar mais guardas [da própria USP] e catracas", pois "o governo não pode interferir na universidade".
Além da saída da PM do campus, eles acusam a corporação de ter cometido abusos na desocupação do prédio da reitoria, na última terça-feira (8), e também pedem a renúncia do reitor da universidade, João Grandino Rodas. Os alunos gritam palavras de ordem em apoio à greve iniciada há dois dias.
“Estamos aqui contra a ação truculenta da polícia e para chamar a atenção da sociedade para a falta de diálogo que existe entre a direção da USP e a sua comunidade. Se a reitoria fosse realmente aberta, eles teriam resolvido no diálogo a questão da ocupação”, disse o aluno Augusto, que só quis se identificar pelo primeiro nome à Agência Brasil.
Prisão e reintegração de posse
Durante a operação de reintegração de posse da reitoria da USP, que aconteceu no último dia 8, 72 manifestantes que estavam no local foram presos. A polícia os encaminhou à delegacia, onde passaram boa parte do dia. Eles foram liberados após o pagamento de fiança de R$ 545 e a assinatura de um termo circunstanciado de ocorrência..
A reintegração de posse da reitoria da USP terminou por volta das 7h20 da manhã de terça-feira. O prazo para os estudantes deixarem o edifício havia vencido na noite de segunda (7), às 23h. Os alunos ocupavam o local desde a madrugada de do dia 2, em manifestação contra a presença da Polícia Militar no campus da USP no Butantã e contra processos administrativos envolvendo funcionários da USP.
Debate sobre a PM
O debate sobre a presença da PM no campus voltou à pauta na quinta-feira (27), quando policiais abordaram três estudantes que estavam com maconha no estacionamento da faculdade de História e Geografia. A detenção gerou confusão e confronto entre estudantes e policiais --que culminou com a ocupação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, posteriormente, da reitoria.
A presença dos policiais no campus --defendida pelo reitor, João Grandino Rodas, e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)-- passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano. Em setembro, o reitor e o governador assinaram um convênio, autorizado pelo Conselho Gestor do Campus, para regulamentar a atividade da PM na USP.
Os contrários à PM no campus dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas "que comumente ocorrem dentro do campus" e citam o episódio de junho de 2009, quando a Força Tática da PM entrou na universidade para reprimir um protesto estudantil e acabou ferindo os estudantes e jogando bombas dentro de unidades.
Como alternativa à PM, o DCE (Diretório Central dos Estudantes) defende que a segurança do campus não seja militarizada, isto é, que seja de responsabilidade da Guarda do Campus. A entidade defende que haja mais iluminação das vias do campus e que a USP mais seja aberta à comunidade externa, aumentando a circulação de pessoas.
Uma parcela dos alunos, sobretudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e da Escola Politénica, defende a presença da PM, argumentando que isso aumenta a segurança dos frequentadores do campus.
*Com informações de Mariana Monzani e da Agência Brasil
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