"Nota" do final do ensino fundamental estaciona e sobe só 0,1 ponto; anos iniciais têm nota 5
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2011, divulgado nesta terça-feira (14), mostra que, enquanto a nota dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) manteve seu ritmo de crescimento e subiu 0,4 nos últimos dois anos (chegando a 5), a nota dos anos finais (6º ao 9º ano) praticamente estacionou e cresceu apenas 0,1 ponto.
Ideb 2011 - Brasil
Índice | Meta | |
1º-5º ano fundamental | 5,0 | 4,6 |
6º-9º ano fundamental | 4,1 | 3,9 |
Ensino médio | 3,7 | 3,7 |
Em 2011, os anos finais ''tiraram'' 4,1, contra 4,0 em 2009, 3,8 em 2007 e 3,5 em 2005. Ou seja: a cada etapa, a nota tem crescido menos. Apesar disso, em 2011, a etapa cumpriu a meta, que era de 3,9.
A "nota" do ensino médio, que já havia tido em 2009 um crescimento reconhecido como ''baixo'' pelo então ministro da Educação Fernando Haddad, continua crescendo muito lentamente: avançou também só 0,1 - ficando em cima da meta, que era de 3,7.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) trabalha com uma meta de 4,4 em 2013. Ou seja, para que a ''nota'' atual chegue à que o governo quer, seria preciso pelo menos triplicar o ritmo atual de crescimento (subir 0,3 ao invés de 0,1). Em 2021, a expectativa é que o índice chegue a 5,5.
Todas as "notas" do Ideb estão em uma escala que vai de 0 a 10.
Anos finais: "Nota" x Meta
2005 | 2007 | 2009 | 2011 | 2013 | 2015 | 2017 | 2019 | 2021 | |
Nota | 3,5 | 3,8 | 4,0 | 4,1 | - | - | - | - | - |
Meta | - | 3,5 | 3,7 | 3,9 | 4,4 | 4,7 | 5,0 | 5,2 | 5,5 |
- Fonte: Inep/MEC
Quando são consideradas somente as escolas públicas, a "nota" dos anos finais cai mais 0,2 e vai a 3,9 (acima da meta específica de 3,7). A diferença em relação às particulares é grande: quando é feito o cálculo somente com elas, o índice sobe para 6,0 (abaixo da meta para a categoria, que era 6,2).
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Roraima é um caso de destaque negativo: havia tirado 3,7 em 2009, ficando exatamente em cima da meta Brasil de então. Em 2011, a nota permaneceu a mesma -o que colocou o Estado abaixo da meta nacional.
"Nó invisível"
Para a diretora-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, os últimos anos do ensino fundamental são, de certa forma, esquecidos. Essa é a etapa mais desassistida. Ela tem uma crise de identidade porque nem é [exclusivamente] municipal, nem é [exclusivamente] estadual como é o caso dos fundamental 1 [predominantemente municipal] e do ensino médio [que é estadual, em sua maioria]", diz.
''[Essa etapa] é o nó invisível: a evasão se intensifica, a repetência aumenta e ganho de conhecimento perde fôlego'', afirma Priscila. ''[O fundamental 2] está espremido, a gente tem que dar uma atenção especial à essa etapa.''
Segundo ela, não se pode esperar um movimento natural de crescimento como resultado das boas notas dos anos iniciais. ''Se não tiver políticas específicas para essa etapa, [ela vai acabar] barrando crescimento do fundamental 1'', diz.
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Investimentos
Para o pesquisador Tufi Machado Soares, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), é preciso investir na segunda etapa do ensino fundamental e manter o atual nível de investimentos da primeira etapa, de forma a melhorar . ''[A segunda etapa] Não está correspondendo. ela está recebendo alunos de qualidade melhor, mas não está retornando [qualidade] para eles na mesma proporção.''
''Espero que os efeitos que a gente está colhendo no primeiro segmento [anos iniciais] repercutam no segundo segmento. É de se esperar que isso aconteça em alguns anos, por conta das fortes intervenções que estão sendo feitas no primeiro segmento", disse.
Anos iniciais
Seguindo uma tendência registrada desde 2007, a "nota" do 1º a 4º anos do ensino fundamental -os anos iniciais- subiu mais 0,4 entre 2009 e 2011, chegando a 5,0. A meta do governo para 2021 é que essa nota seja 6, um índice comparável aos dos países desenvolvidos. A nota do país em 2011 já superou, inclusive, a meta de 2013
Anos iniciais: "Nota" x Meta
2005 | 2007 | 2009 | 2011 | 2013 | 2015 | 2017 | 2019 | 2021 | |
Nota | 3,8 | 4,2 | 4,6 | 5,0 | - | - | - | - | - |
Meta | - | 3,9 | 4,2 | 4,6 | 4,9 | 5,2 | 5,5 | 5,7 | 6,0 |
- Fonte: Inep/MEC
Somente Alagoas não atingiu uma "nota" maior que 4 nesta etapa, chegando a 3,8. Em 2009, nove Estados estavam na mesma situação (índices abaixo de 4). Apesar disso, onze UFs não conseguiram cumprir a meta nacional, de 4,6: Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
''[O Ideb do dos anos iniciais] cresceu bem'', diz Priscila. Nessa etapa, o desafio, afirma, é ''manter o ritmo [de melhoria]".
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