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Faculdade de medicina em BH é despejada e tem dificuldades em alugar prédio para se instalar

Local onde funcionava curso de medicina da Unincor em Belo Horizonte - Carlos Eduardo Cherem/UOL
Local onde funcionava curso de medicina da Unincor em Belo Horizonte Imagem: Carlos Eduardo Cherem/UOL

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

23/01/2013 15h01

O campus da Unincor (Universidade Vale do Rio Verde), no bairro Luxemburgo, em Belo Horizonte, onde funcionavam os cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, odontologia e tecnólogo em radiologia da instituição, foi fechado no dia 11 de janeiro.

Os equipamentos e materiais foram transferidos para local não identificado, por “questões de segurança”. A direção da universidade, porém, garante que, “apesar das dificuldades”, o ano letivo começará no dia 18 de fevereiro.

A reportagem do UOL entrou em contato diversas vezes com a assessoria de imprensa da Unincor, em Três Corações (a 292 km da capital mineira), mas não obteve respostas sobre a situação do campus em Belo Horizonte.

Segundo um funcionário da secretaria da Unincor responsável por passar informações aos alunos, “a questão será resolvida até o início do ano letivo”. As matrículas estão sendo feitas normalmente pela internet até o dia 15 de fevereiro.

Campus Universitário Mário Penna

A faculdade funcionava em área do Hospital Luxemburgo, do Instituto Mário Penna. No início do ano passado, a instituição pediu de volta o espaço e firmou um acordo judicial com a Unincor que determinava a desocupação em julho de 2012. Em dezembro do ano passado, ação judicial impetrada pelo Instituto Mário Penna determinou a saída da faculdade de medicina, o que foi feito no último dia 11.

O mantenedor do Hospital Luxemburgo explica ainda, por meio de nota, que não mantinha convênios com a faculdade de medicina, embora um e outro funcionassem no mesmo espaço. 

Dificuldades na locação

“Fomos comunicados que teríamos de deixar o prédio e solicitamos uma visita de técnicos do MEC (Ministério da Educação) para comunicar o fato. Conseguimos alugar um novo prédio e chegamos a avisar aos alunos. Mas alguns estudantes brigaram e fizeram uma confusão tão grande que a imobiliária desistiu do negócio. Agora, estamos em vista de conseguir alugar outro prédio, mas não vamos informar o endereço ainda. O negócio é direto com o proprietário”, disse o funcionário da secretaria da Unincor, que não quis se identificar.

De acordo com portaria do MEC, uma instituição não pode mudar de endereço sem receber visita técnica in loco de representantes do ministério. Outra regulamentação diz que os alunos matriculados têm reservado o direito de concluir o curso no local, ou que a instituição deve oferecer as condições que uma eventual mudança implicar.

Medicina

Além da questão da mudança de endereço, a faculdade de medicina está sob supervisão do MEC desde 2009 e proibida de realizar vestibulares, desde o início de 2011, por estar “apresentando deficiências de média e alta gravidades relacionadas à organização didático-pedagógica, ao corpo docente e organização do aprendizado técnico”.

De acordo com o Termo de Saneamento de Deficiências, assinado pela direção da Unincor com o MEC, a instituição, além de proibida de realizar exames vestibulares – a última turma que entrou na faculdade está fazendo a matrícula para o quinto período –, não pode oferecer a seus alunos bolsas de estudos pelo Prouni.

A Unincor mantém um dos piores índices de avaliação entre as faculdades de medicina do país. Na última avaliação do CPC (Conceito Preliminar do Curso), conceito que vai de 1 a 5, baseado nas notas dos alunos no Enade (Exame Nacional dos Estudantes), a faculdade ficou com 1 --a nota de aprovação é 3.

Segundo os alunos ouvidos pela reportagem, a mensalidade do curso de medicina é de cerca de R$ 3.800 e há aproximadamente 300 estudantes matriculados.

No IGC (Índice Geral de Curso), que avalia o conjunto de cursos das instituições de ensino superior, variando também entre 1 e 5, a Unincor também teve nota baixa: 1,75.