Livro reconta história do Brasil em 50 frases famosas
Em tempos de listas e de frases famosas compartilhadas em redes sociais, o jornalista Jaime Klintowitz decidiu resumir cinco séculos de história em frases marcantes. O resultado é o livro "A História do Brasil em 50 frases" (editora Leya).
O desafio foi o de encontrar máximas conhecidas, que chamassem a atenção para importantes eventos da história, e descobrir em que momento cada uma delas foi dita. "Qualquer frase ou expressão repetida a qualquer pretexto perde totalmente o significado", comenta.
O livro traz citações da época de nosso descobrimento ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. A cada frase, um capítulo para explicar em que situação ela foi usada. "Nenhuma frase é capaz de conter ou sintetizar por si só as circunstâncias e as mentalidades envolvidas num fato histórico. Também não é suficiente citar autor, datas e reduzir um período histórico a simples verbete", explica o autor.
Um bom exemplo é a famosa frase "O sertanejo é, antes de tudo, um forte", usada por Euclides da Cunha (1866 - 1909) no livro "Os Sertões". Poucos sabem que a sentença, normalmente repetida como forma de elogio, era a marca de uma mistura de cientificismo e preconceito racial presente no texto sobre a Guerra de Canudos.
Brasil não é sério
Há curiosidades como a descoberta da verdadeira autoria da frase "O Brasil não é um país sério", comumente atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle (1890 - 1970), mas que, na verdade, seria do embaixador brasileiro na França Carlos Alves de Souza Filho.
Frases pomposas, como a célebre "independência ou morte", também são desmitificadas e ficam bem menos imponentes quando colocadas em seu contexto. "Em geral, elas foram inventadas ou lapidadas posteriormente para cristalizar o significado de um acontecimento histórico ou valorizar determinado figurão", afirma o jornalista.
Depois de toda a pesquisa, Klintowitz revela a de sua preferência. "Logo após a proclamação da República Capistrano de Abreu sugeriu reduzir o texto constitucional ao seguinte: 'Artigo único: o brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara'. Foi claramente uma piada do respeitadíssimo historiador. Mas quando se pensa que o Brasil já teve sete constituições diferentes -- uma delas, a de 1937, escrita por um só homem --, atos institucionais e emendas variadas, se vê quanta sabedoria havia na brincadeira."
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