Docentes da UFPR aderem à greve nacional por tempo indeterminado
Os professores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) aderiram na última terça-feira (11) por tempo indeterminado à greve nacional dos professores federais, que teve início em 28 de maio. Parcial, a paralisação contou com adesão de 60% dos professores em assembleia realizada na semana passada e já afeta a maioria dos cursos da instituição.
De acordo com o comando de greve, deve levar dois dias para ter um levantamento do número de cursos afetados, contudo os campus de Matinhos, o Centro de Estudos do Mar (ambos no litoral do Paraná) e o de Jandaia do Sul (região Centro-Norte) estão paralisados.
“Ainda não temos o número de cursos afetados, mas acredito que todos já tenham sido afetados”, afirma Luis Allan Kunzle, vice-presidente da ApufPR (Associação dos Professores da UFPR) e professor de Informática da instituição. A greve, que já movimenta 47 seções sindicais na maior parte dos Estados do país, luta por melhorias de infraestrutura nas instituições e por questões salariais.
“O governo não tem entendido que muitas universidades entraram em greve por questões estruturais mais do que salariais. A falta de discussões nesse sentido está deixando os professores revoltados”, ressalta Kunzle.
Ao todo, a categoria faz cinco reivindicações amplas: a defesa do caráter público da universidade, melhoria das condições de trabalho, autonomia das instituições, reestruturação da carreira, valorização salarial de ativos e aposentados.
“O corte orçamentário do governo afetou as universidades e o impacto recai sobre as menores. Na Bahia, houve corte de luz e, no Maranhão, problemas com os restaurantes”, diz o membro do Comando Nacional de Greve do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e professor da Universidade Federal do Maranhão, Saulo Pinto Silva.
O aspecto “mais próximo” de acordo diz respeito as reposições salariais. Enquanto os servidores pediam reajuste inicial de 27% em uma parcela a partir de 2016, o governo oferece 21% escalonado ao longo de quatro anos – posteriormente, houve redução de 19% em uma parcela apenas.
“Não lutamos só pela recomposição, mas por uma série de outros aspectos que não foram discutidos. O governo se nega a debater e está tentando fechar o acordo por cima”, reclama Pinto Silva. As instituições também reclamam da redução das verbas destinadas a pós-graduação, que financiam seminários, viagens de acadêmicos, entre outros aspectos.
Além dos professores, os trabalhadores técnico-administrativos, representados pela Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil), estão em greve há 76 dias em 67 instituições de ensino.
O outro lado
Tanto a UFPR quanto o MEC (Ministério da Educação) se manifestaram sobre o assunto por meio de notas oficiais. A UFPR afirmou que respeita o direito à greve dos professores e ressaltou que a paralisação não causará prejuízos ao processo de inscrições no vestibular 2015-2016.
“A Reitoria reafirma seu desejo de que o comando de greve nacional chegue a um entendimento com o governo federal em relação às reivindicações o mais rapidamente possível, evitando prejuízos aos estudantes bem como à comunidade”, informa a instituição.
O MEC alega que está aberto ao diálogo com todas as entidades representativas (Andes-SN e Fasubra) e afirma que foram realizadas “inúmeras reuniões” de negociação. À Andes-SN, o MEC se comprometeu a acompanhar as questões conceituais da carreira, como valorização de ativos e aposentados, entre outras demandas.
“O MEC tem acompanhado a mesa de negociação salarial com as entidades representativas e o Ministério do Planejamento”, diz a nota.
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