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Novata é agredida por três alunas dentro de escola pública de SP

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

14/08/2015 16h01

Uma adolescente de 15 anos afirma ter sido agredida por três colegas de escola dentro de uma instituição de ensino estadual na periferia de Piracicaba. A vítima estuda no local há uma semana e afirmou que não conhece duas das agressoras nem tem ideia do motivo pelo qual apanhou. Ela levou socos e arranhões no rosto e passou por exame do IML (Instituto Médico Legal).  A Polícia Civil registrou o caso como lesão corporal.

A agressão ocorreu na manhã de terça-feira, no fim da manhã, quando as jovens estavam a caminho da saída da escola. A vítima informou que uma das agressoras, que estuda na mesma classe que ela, chegou até o local onde ela, depois de encará-la, desferiu o primeiro soco. Outras duas adolescentes chegaram ao local e ajudaram a bater na vítima, que teve os cabelos puxados e também o rosto arranhado, além de receber chutes.

"Não sei nem porque nem de quem apanhei. Elas foram chegando e perguntando qual a razão de eu estar encarando elas. Eu mal tive tempo de dizer que nem a conhecia e já levei o primeiro soco", conta. Ainda segundo ela, as duas alunas seguraram os braços para que a colega batesse nela e outros alunos que estudam na escola observavam a ação e incentivavam a violência.

O pai da menor, um motorista de 42 anos, também afirmou que foi informado, pela direção da escola que, no momento da agressão, um som com volume acima do normal foi ligado. "Eu acho que isso quer dizer que foi premeditado, que eles ligaram o som pra poderem bater na menina e as pessoas demorarem mais para perceber", disse.

Ela conta ainda que, quando autoridades escolares chegaram ao local, as agressoras já haviam fugido. Elas foram identificadas, mas apenas a agressora principal acabou apontada como responsável pela agressão no boletim de ocorrência.

Outro lado

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação informou, em nota, que lamenta o conflito entre as alunas e que a agressão foi registrada depois de "provocação mútua".  "Durante a saída de alunos do período da manhã, houve uma provocação mútua, seguida de agressão entre alunas, que foi controlada pela direção da escola", disse.

A Secretaria informou ainda que duas das agressoras foram suspensas e uma delas já solicitou a transferência para outra instituição. "Em reunião, os pais foram orientados sobre a importância da participação na vida escolar de seus filhos e também sobre o respeito mútuo entre colegas de escola", diz a nota.

Sem motivo

De acordo com a versão da vítima, ela começou a frequentar as aulas na escola há uma semana, depois que a família se mudou para o bairro. "Mudamos de bairro e ficava longe para continuar na escola que eu frequentava", conta a vítima, que cursa a primeira série do ensino médio no período da manhã.

Segundo o pai, a adolescente chegou a relatar que sentia um clima estranho na escola e que era olhada de forma diferente por algumas alunas. "Falei que era natural, já que ela era novata, e pedi que ela fizesse amizade. Mas ela não conhecia ninguém na escola, não tem sentido fazer uma inimizade dessa em uma semana de convívio", disse.

O pai informou ainda que tomou todas as medidas cabíveis ao caso e que espera que os responsáveis sejam punidos. "A escola não pode permitir que uma agressão seja realizada dentro dos portões, e a menina que bateu na minha filha também tem que ser punida. É isso que espero", disse.

Histórico

Longe de ser caso isolado, a agressão é recorrente na instituição de ensino. A reportagem do UOL levantou que, desde 2009, pelo menos seis casos envolvendo agressão de alunos ocorreram no local e acabaram registradas em boletins de ocorrência na Polícia Civil.

Além disso, uma professora foi assassinada por um homem que cometeu suicídio pouco depois dentro da instituição. A suspeita é que o crime tenha sido passional.

A Secretaria de Estado da Educação foi questionada sobre a quantidade de ocorrências na escola e as medidas tomadas para evitar que novos problemas ocorressem no local.

Sobre o assunto, foi respondido que a escola "atua com programas preventivos e possui um professor-mediador, profissional presente na rede estadual de ensino capacitado para identificar  vulnerabilidades e traçar estratégias preventivas aos conflitos". Questionada sobre os motivos para a frequência de ocorrências do tipo no local, a SEE não se pronunciou.