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Na volta às aulas, professores estaduais fazem paralisação no RS

29.fev.2019 - Professores cruzaram os braços no Rio Grande do Sul no primeiro dia de volta às aulas - Divulgação
29.fev.2019 - Professores cruzaram os braços no Rio Grande do Sul no primeiro dia de volta às aulas Imagem: Divulgação

Do UOL, em Porto Alegre

29/02/2016 16h36

O primeiro dia do ano letivo no ensino estadual gaúcho foi marcado nesta segunda-feira (29) por uma paralisação de professores. A mobilização é organizada pelo sindicato da categoria, o CPERS (Centro dos professores do estado do RS), e atinge 800 mil alunos de todo Rio Grande do Sul. O movimento, que se encerra hoje, reivindica o pagamento integral do piso do magistério e maior qualidade do ensino.

Durante a manhã, diversas escolas estiveram abertas, mas com baixo fluxo de estudantes e falta de alguns professores. Isso se deu diante a determinação da Secretaria da Educação para que os diretores abrissem as portas das instituições. Entretanto, muitos pais se viram obrigados a deixar seus filhos em casa.
 
Foi o caso de Andreia Faria Nunes, 45 anos. Monitora de escola municipal de Porto Alegre - que não teve paralisação -, ela foi obrigada a levar o filho junto para o trabalho. "Não pude deixar ele em casa porque não tinha ninguém com quem ficar". Mãe de Lucas, 8, estudante do 2º ano do ensino fundamental da Escola Estadual de 1º Grau Itália, na zona norte da capital, ela, que também é professora, entende as dificuldades da categoria, mas não concorda com a paralisação.
 
"Com relação ao ganho do professor, está correta a paralisação. Mas infelizmente quem escolhe essa profissão sabe o que vai ganhar. O ideal seria receber muito bem. Entretanto, paralisar toda hora não dá. As crianças não podem ser as prejudicadas", lamenta.

Nesta tarde, os professores realizam um ato público no centro de Porto Alegre, em frente à Secretaria Estadual da Fazenda e da sede do governo, o Palácio Piratini. Eles reclamam da falta de profissionais - fala-se em um déficit de seis mil docentes - e do não pagamento do piso nacional da categoria, atualmente de R$ 2.135,64.
 
"Hoje somos o Estado que pior paga os servidores da Educação. Recebemos 30% do piso", afirma a presidente do sindicato, Helenir Schürer. Ela também fez referência ao anúncio do governo do Rio Grande do Sul, feito na última sexta, do parcelamento dos salários de fevereiro do funcionalismo.

Segundo o governo gaúcho, se o piso fosse adotado para todos os professores o impacto aos cofres do Estado seria de R$ 4,22 bilhões por ano. Mais um passivo de R$ 13,1 bilhões que o RS acumula por não cumprir a lei nacional do piso.
 
Para este ano, a Secretaria da Educação espera contratar 1.500 professores temporários e nomear 500 docentes. Além disso, estima-se a necessidade de 900 contratos emergenciais para o primeiro semestre, especialmente para disciplinas das áreas de exatas e língua estrangeira. Porém, o governo ainda não deu previsão para o acréscimo dos novos profissionais.