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Enem 2016: A 25 dias da prova, alunos tentam relaxar e dormir direito

Eles tentam relaxar: da esq. para a dir., Jean Woolmay Denson Pierre, Mickaely Gois (de óculos), Lais Bravo, Kenje Horinouti e Felipe Gomes - Bruna Souza Cruz
Eles tentam relaxar: da esq. para a dir., Jean Woolmay Denson Pierre, Mickaely Gois (de óculos), Lais Bravo, Kenje Horinouti e Felipe Gomes Imagem: Bruna Souza Cruz

Ana Carla Bermúdez, Bruna Souza Cruz e Janaina Garcia

11/10/2016 05h00

Relaxar e dormir são as prioridades da maioria dos alunos nesses 25 dias que faltam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). 

A ideia, contam os alunos ouvidos pela reportagem do UOL, é evitar que a tensão atrapalhe o rendimento dos estudos nessa reta final. A dedicação continua, mas respeitando ainda mais a necessidade de descanso que o corpo e a mente precisam. 

“Precisamos comer bem, beber água, descansar. Já pensou chegar no dia da prova com sono? O Enem exige muito da gente [são 4h30 de prova no primeiro dia e 5h30 no segundo]”, diz o haitiano Jean Woolmay Denson Pierre, 20, que estuda no Cursinho Maximize, em São Paulo, para tentar passar em medicina.

“É importante ouvir o que o seu corpo está dizendo. Se eu estou muito cansada, eu paro. Não vou render nada se eu me forçar demais”, acrescenta Gisele Araújo, 18, que deseja cursar biomedicina.

Já Felipe Gomes, 18, prefere a corrida para relaxar. “O vestibulando tem sempre aquela sensação de estar correndo contra o tempo. É difícil, mas a gente precisa controlar o estresse.” Ele vai prestar para os cursos de ciências e tecnologia e astronomia.

O que fazer para descansar?

UOL Notícias

Fazer o que gosta

É fundamental fazer alguma atividade de que gosta para controlar a pressão e o estresse nesse momento, segundo os vestibulandos.

“O bom é você não ficar muito pilhado agora e nem no dia da prova, porque 70% da prova é como você vai estar [emocionalmente]" destacou Mickaely Gois, 17, que deseja cursar letras. "Não podemos nos pressionar mais do que a sociedade já pressiona, mais do que o governo já pressiona, a família...”

Para relaxar, a jovem disse que vai separar algum tempo para ver séries na internet, rodar bambolê e tocar violino, práticas que adora.

Os colegas de sala Felipe Gomes e Kenji Horinouti, ambos com 18 anos, pretendem continuar com as atividades físicas que já praticam desde o começo do cursinho.

Da esquerda para a direita: Vitória, Pedro, Willians e Lucas, do cursinho da Poli - Janaina Garcia / UOL - Janaina Garcia / UOL
Da esquerda para a direita: Vitória, Pedro, Willians e Lucas, do cursinho da Poli
Imagem: Janaina Garcia / UOL

“Eu estudo entre 10h e 12h por dia [entre escola, cursinho e estudos em casa], mas adoro muito dançar e ouvir música. Isso ajuda a me relaxar bem”, comentou Horinouti, que vai prestar medicina, arquitetura e moda.

“Uma coisa que eu gosto é de assistir filmes históricos", conta Gomes. "Me relaxa e ao mesmo tempo estou estudando. É divertido.” 

Lais Bravo, 18, quer uma vaga no curso de fonoaudiologia. Mesmo com toda a dedicação que precisa ter para se dividir entre o último ano do ensino médio e as aulas do cursinho, ela revelou que o que a relaxa mesmo são as redes sociais. “É mais para uma distração. Mas não uso muito não, só às vezes”, completa.

Aluno do pré-vestibular Poliedro, Vitor Andriolli, 18, organiza bem essa jornada. Em geral, ele chega para a aula às 7h, sai para almoçar por volta do meio-dia e depois volta ao cursinho para ficar estudando até as 19h.

“Procuro também usar o tempo que passo no transporte público para ler os livros literários ou para ouvir videoaulas e podcasts”, explica o aluno, que busca uma vaga em relações internacionais.
 
Da esquerda para a direita, os estudantes Ana Carolina, Fábio e Amanda, do cursinho da Poli - Janaina Garcia/UOL - Janaina Garcia/UOL
Da esquerda para a direita, os estudantes Ana Carolina, Fábio e Amanda, do cursinho da Poli
Imagem: Janaina Garcia/UOL

Amizade acima da concorrência

Apesar de o momento ser de tensão, o professor Marcelo Carvalho, do pré-vestibular Etapa, conta que muitos alunos acabam se ajudando para que cada um faça o seu melhor na prova.

“No caso das turmas de medicina é até curioso, porque eles vão prestar o mesmo curso, são concorrentes. Mas eles não encaram assim. Eles veem que cada um tem a sua chance. Existe mais espírito de camaradagem entre eles do que de concorrência”, diz.

Aurélio Ryu, 26, que busca uma vaga no curso, confirma: “A gente acaba esquecendo que são X vagas e que o outro pode pegar a minha vaga. A gente pensa que pode ser colega na mesma faculdade no ano que vem”.

Novo ensino médio

Já no Cursinho da Poli, na zona oeste de São Paulo, o clima entre os alunos é de apreensão –além das provas, em si, eles dizem temer pelo futuro da prova, com a recém anunciada reforma do ensino médio.

“Estou apreensiva em relação ao Enem, porque estudei 11 anos em escola pública e receio que isso não valha de nada para uma próxima edição do Enem, caso eu não consiga passar no vestibular este ano”, diz a estudante Ana Carolina Schimojo, 19, que vai tentar vaga em letras ou história.

“Já há uma pressão para o exame, em si, mas agora a apreensão é por imaginar o que vai virar o Enem ano que vem caso eu não consiga vaga este ano”, conta Vitória Carlos Costa, 19, que prestará para ciências sociais.

“Muito provavelmente as federais deixarão de aceitar o resultado do Enem, o que me faz ir para a prova este ano muito mais pilhado, nervoso, com uma carga de estresse muito maior para que dê certo logo – porque sei que o Enem ainda é porta de entrada para muitas universidades públicas”, comentou Willians Toledo, 18, candidato do curso de fonoaudiologia.

“Estou até tranquila com a prova deste ano; fico nervosa mesmo é com os boatos de que o Enem pode mudar e não valer mais para ingresso em universidade. Fico, na real, é mais revoltada com isso”, afirma a estudante Nathália Barbosa, 18.

O MEC (Ministério da Educação) sinalizou que as mudanças no ensino médio vão impactar o Enem, mas ainda não há nada definido.

Há também quem esteja preocupado “só” com a edição atual do Enem. “Estou muito nervosa, porque já não me sinto preparada suficientemente – o que eu deveria ter visto na escola pública estou aprendendo agora, no cursinho –quando eu deveria, na verdade, estar é reforçando”, relata Isabelli Leão, 17, que quer passar em odontologia.