Estudantes da UFMG desafiam MEC e devem manter ocupações durante o Enem
Estudantes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) disseram que vão manter as ocupações de prédios da instituição de ensino, em Belo Horizonte, mesmo diante da determinação do MEC (Ministério da Educação) para que as unidades de ensino fossem desocupadas. O objeto da decisão do ministério visa “garantir a segurança” da aplicação das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), no próximo fim de semana.
O prazo estabelecido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para a retirada dos ocupantes encerrou-se nesta segunda-feira (31), às 23h59.
Os universitários tomaram alguns prédios da universidade, no campus Pampulha, em protesto contra a PEC 241 – que congela gastos do governo federal por 20 anos – e contra a proposta de reforma do ensino médio. A ocupação se iniciou há mais de uma semana e, no momento, cinco complexos estão sem suas atividades costumeiras.
Em nota, os integrantes do movimento disseram que não vão “ceder diante da intimidação que o governo impôs sobre o movimento. A posição do movimento Ocupa Tudo UFMG é de manter o trancamento”.
Os ativistas ainda externaram que as ocupações são uma forma de pressionar pela rejeição da PEC, tendo em vista “o retrocesso que essa medida representa, colocando em risco inclusive processo como o próprio Enem”.
“Não temos a intenção de prejudicar os alunos que irão realizar o Enem e nem somos contra a prova, muito pelo contrário, as ocupações são uma tentativa de garantir àqueles que estão para ingressar em universidades o acesso a uma educação pública de qualidade”, trouxe a nota.
Apesar do posicionamento oficial, o movimento informou que uma assembleia geral, com a participação de integrantes de todas as ocupações, será realizada na próxima quinta-feira (3). Na ocasião, será decidido um “posicionamento definitivo das ocupações acerca da realização do Enem”.
Escola também vai manter protesto
O UOL Educação esteve nesta terça-feira (1º) na Escola Estadual Governador Milton Campos, no bairro de Lourdes, região centro-sul de Belo Horizonte. Uma das mais tradicionais da cidade e conhecida como Estadual Central, a escola é palco de uma ocupação desde o dia 6 do mês passado.
Barracas foram montadas no saguão da escola. Os alunos se revezam na ocupação delas e se declararam contrários à PEC 241 e à reforma do ensino médio.
Willian Faleiro, 18, estudante do 1º ano do ensino médio e integrante da ocupação, disse que os alunos estão apreensivos em razão do que poderá ocorrer com o movimento depois do anúncio feito pelo MEC.
“A gente vai continuar aqui. Mas vamos tentar conversar e provar que podemos ficar aqui sem atrapalhar o Enem”, afirmou.
Para tanto, ele exemplificou que as aulas não foram suspensas, desde o início da ocupação, e eleitores puderam votar nas seções eleitorais instaladas na escola, no segundo turno da eleição municipal, que ocorreu no último domingo (30).
“A gente tem medo de que eles usem da força para nos tirar daqui. Isso pode ser muito perigoso. Nosso movimento estudantil é muito importante porque mostra que nós podemos mudar as coisas. Vamos tentar manter a calma e buscar o diálogo”.
Conforme Faleiro, os estudantes vão se reunir em assembleia, ainda nesta terça-feira, para definir as estratégias caso sejam intimados a liberar o local.
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, 99 escolas estão ocupadas em todo o Estado neste momento.
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