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Enade: 2 em cada 10 graduandos em 2016 entraram na faculdade por cotas

03.jul.2017 - Ato realizado no Masp pede cotas sócio-raciais na USP - Kevin David / A7 Press
03.jul.2017 - Ato realizado no Masp pede cotas sócio-raciais na USP Imagem: Kevin David / A7 Press

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

01/09/2017 11h00Atualizada em 01/09/2017 12h45

Apenas 2 em cada 10 graduandos de cursos universitários ingressaram no ensino superior por meio do uso de políticas de ação afirmativa ou inclusão social em 2016. É o que mostram os dados do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2016, divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). 

O Enade é realizado para medir o desempenho dos estudantes que estão concluindo seus cursos de graduação no país. Mais de 195 mil alunos participaram das provas em 2016 --no entanto, apenas 20,4% afirmaram ter ingressado na faculdade por meio de cotas sociais ou raciais.

Nesta edição do exame, foram avaliados 4.300 cursos tecnológicos, de bacharelado e de licenciatura nas áreas de saúde, ciências agrárias, ambiente e segurança. É o caso, por exemplo, de cursos como medicina, enfermagem, serviço social e tecnólogo em agronegócio.

Dentre as ações afirmativas, a maior parte dos alunos lançou mão do histórico de estudos em escola pública ou particular com bolsa, representando 35,4%. Critérios de renda foram responsáveis pela entrada de outros 30,1% dos graduandos cotistas. Critérios étnico-raciais representaram 7%. Dentre os concluíntes que fizeram o exame, 51,7% se declararam brancos e 36,1%, pardos. 

Na tentativa de equiparar a disputa por uma vaga em seus bancos escolares, recentemente, a USP (Universidade de São Paulo) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) adotaram o sistema de cotas sociais e raciais de forma escalonada ao longo de quatro anos.

Mais destaques

Dados do questionário socioeconômico aplicado aos alunos inscritos no Enade mostram que o número de mulheres que concluiu o ensino superior é maior que o de homens em todas as faixas etárias. Entre 22 e 25 anos, a presença do sexo feminino é maior que o do público masculino, chegando a 59 mil mulheres formandas para 25 mil estudantes homens.

Em relação a cor ou raça, 51,7% dos alunos se declararam como brancos, 35,1% como pardos, 8,6% como pretos 2,7% como amarelos e 0,4% como indígenas. Pouco menos de 2% não quiseram declarar.

Além disso, 44,7% afirmaram não ter renda e ter os gastos bancados pela família. Outros 21,3% disseram ter renda e mesmo assim receber ajuda da família para financiar os gastos.

Apenas 16,5% das mães e 14,6% dos pais dos alunos possuem ensino superior (graduação) completo. O grau de escolaridade da família é predominantemente o ensino médio --32,5% dos estudantes afirmaram que as mães estudaram até essa etapa do ensino, e os pais, 30,8%. 

Medicina é o curso com maior taxa de comparecimento de alunos no dia da prova: 15.865 estudantes realizaram o exame, o que equivale a 98% dos inscritos desse curso no Enade. A menor taxa de comparecimento é de tecnologia em radiologia: dos 2.898 inscritos, apenas 2.387 alunos estiveram presentes na prova --ou seja, 82%.