Topo

Professores elegem as 5 questões mais difíceis do 1º dia de Enem. Consegue resolver?

Marlene Bergamo/Folhapress
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

06/11/2017 16h24Atualizada em 06/11/2017 16h34

No primeiro dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os candidatos tiveram de fazer uma redação e responder questões de linguagens e ciências humanas. E pelo menos cinco perguntas do exame, aplicado no domingo (5), chamaram a atenção de professores ouvidos pelo UOL.

Segundo eles, algumas delas tinham um nível de dificuldade bastante alto, enquanto outras podem ter causado confusão para o candidato pela falta de clareza no enunciado das alternativas.

O gabarito oficial da prova será divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pelo Enem, até o dia 16 de novembro. Enquanto isso, os cursinhos fazem seus próprios gabaritos, debatidos pelos professores. Confira abaixo a opinião deles sobre as questões mais polêmicas.

  • E lembre-se: neste domingo (12), ao final da prova do Enem, o UOL transmitirá ao vivo um debate entre professores do Curso Objetivo sobre as questões de matemática e ciências da natureza. Acompanhe também no UOL a divulgação do gabarito extraoficial da prova e a correção online comentada das 90 perguntas do segundo dia do exame.

Filosofia

A prova de filosofia surpreendeu e foi considerada a mais difícil do primeiro dia. Não à toa, os professores destacaram duas questões dessa área de conhecimento como as mais complexas da primeira etapa de Enem.

A questão 85 da prova azul (66 na rosa, 71 na branca, 68 na amarela) abordou a moral kantiana e pedia para que o candidato respondesse qual era a “falsa promessa de pagamento” representada no texto.

Para Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador e professor do Curso Poliedro, a questão possui um grau de dificuldade alto porque “o texto não leva para a resposta, o aluno precisava saber o conceito de Kant para conseguir responder à questão”.

“Se ele não soubesse o conceito, ia para a alternativa incorrenta”, complementa. Para ele, a alternativa correta é a letra C.

Rafael Lancellote, professor do Cursinho da Poli, destaca que, além disso, o aluno precisava estar muito atento ao comando do enunciado. “O aluno devia identificar o que não é moral kantiana”, explica. Ele também acha que a alternativa correta é a letra C.

Já a questão 48 da prova azul (60 na rosa, 53 na branca, 88 na amarela) fugiu do padrão de conteúdo cobrado no Enem, segundo Haidar. Ela trouxe conceitos do filósofo iluminista Jeremy Bentham, criador da filosofia política conhecida como utilitarismo. “É uma pessoa que nunca foi cobrada, esse filósofo”, afirma.

“O desafio da questão está em definir os parâmetros que o utilitarismo estabelece”, destaca o professor Carlos David, do SAS Plataforma de Educação.

Os dois professores acreditam que a alternativa correta é a letra D.

Geografia

O problema da questão 53 da prova azul (65 na rosa, 58 na branca, 85 na amarela), que falou sobre a Aliança do Pacífico, era a falta de clareza no enunciado das alternativas, segundo os professores.

Para Vagner Augusto da Silva, supervisor de geografia do Anglo, a alternativa correta é a letra B. “Porém, o estudante pode ser levado à letra E se entender mal o exercício”, afirma.

“A Aliança do Pacífico cria uma integração entre os países participantes na medida em que as tarifas aduaneiras são eliminadas. Apesar da isenção das tarifas aduaneiras, a fiscalização alfandegária permanece, o que inviabiliza a alternativa E”, explica.

Haidar concorda e complementa: “A própria alternativa correta não está explícita, está difícil de interpretar”. Ele também acha que a alternativa certa é a B.

Enem criou caminho próprio e virou influência para vestibulares

UOL Notícias

História

Na parte de história, a questão 79 da prova azul (85 na rosa, 89 na branca, 62 na amarela) foi classificada como “complexa” pelo professor David.

“É uma questão que fala sobre a Antiguidade Clássica. A polêmica esteve associada ao alcance de mudanças legislativas dentro do tecido social de Atenas e Roma”, afirma.

“A questão exigia do candidato uma comparação entre os dois cenários apresentados e o ponto de convergência entre eles”, complementa Gianpaolo Dorigo, supervisor de história do Anglo.

Para Giuseppe Nobilioni, coordenador do curso e colégio Objetivo, a questão “tem duas alternativas que poderiam causar confusão para o aluno –uma delas falava em desarticulação das aristocracias [a letra B] e outra em diminuição das desigualdades [a letra E]”.

Os professores apostam que a alternativa certa é a E. “Uma análise atenta dos dois momentos permite entender que em ambas as situações surgiram ‘normas coletivas’ que diminuíram, mas não acabaram, com as ‘desigualdades de tratamento’”, afirma Dorigo.

Sociologia

A questão 90 da prova azul (73 na rosa, 76 na branca, 48 na amarela) também pode ter trazido problemas para os candidatos, segundo os professores.

Ela trouxe duas imagens: uma fotografia de Maria Bonita, cangaceira brasileira; e outra de uma modelo em um desfile da estilista brasileira Zuzu Angel.

“É uma questão super interdisciplinar. Zuzu Angel fez uma coleção de moda em 1969 que foi inspirada no Cangaço”, afirma Alexandre Linares, do Maximize.

Para Jucenir Rocha, supervisor de sociologia do Anglo, “a questão exige um conhecimento que não é obrigatório para um aluno de ensino médio”. Ele aposta que a alternativa correta é a letra E.

Professores dão dicas do que esperar e como encarar a 2ª prova

UOL Notícias