Aprendizagem melhora no 5º ano, mas estaciona no ensino médio, mostra Saeb
A aprendizagem dos estudantes brasileiros do 5º ano do ensino fundamental melhorou tanto em português como em matemática entre 2015 e 2017, mas o ganho não se repetiu no 3º ano do ensino médio, em que os índices de aprendizagem dos alunos para essas disciplinas permaneceram praticamente estacionados.
É o que apontam os dados do Saeb (Sistema de Avaliação de Educação Básica) 2017, divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do MEC (Ministério da Educação). Os números são apresentados a cada dois anos.
Este foi o primeiro Saeb que incluiu a avaliação de escolas particulares, que puderam participar de forma facultativa. A participação das escolas públicas é obrigatória.
Já os números do 3º ano do ensino médio se mostram preocupantes: em matemática, apesar de o índice ter apresentado um ganho discreto de 267 pontos para 270 pontos nesses dois anos, a nota é a segunda mais baixa da série histórica iniciada em 1995. Isso significa que eles estão em um nível 2 de 10 em proficiência em matemática.
O cenário se repete com o desempenho desses estudantes em português: o índice de 267, em 2015, se manteve praticamente inalterado em 2017, passando para 268.
A baixa qualidade, em média, do Ensino Médio brasileiro prejudica a formação dos estudantes para o mundo do trabalho e, consequentemente, atrasa o desenvolvimento social e econômico do Brasil
Trecho de relatório apresentado com dados do Saeb
Para Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, “o ensino médio é como um paciente que está na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], em estado crítico, e não sabemos como tirá-lo de lá”, afirma
“Há uma melhora sistemática dos anos iniciais do ensino fundamental. O Brasil aprendeu como melhorar aprendizagem dos alunos nos anos iniciais. Entretanto, esses ganhos não são aproveitados”, pontua.
Para Ramos, o país perde principalmente por não aproveitar a grande quantidade de jovens que existe na população brasileira hoje.
"O país está ficando mais velho, o topo demográfico está engordando”, afirma. “A gente está preparando jovens com esse patamar muito baixo de aprendizado. Nem conseguimos dar conta do século 20 e está vindo aí um novo ciclo de trabalho, do século 21, com exigências de competências altas e dinamicidade do conhecimento."
Desigualdade entre estados
Os resultados do Saeb evidenciam as desigualdades educacionais no Brasil, principalmente na etapa do ensino médio.
Em matemática, por exemplo, a diferença entre os estados do Pará, que apresentou o pior desempenho (245,5), e Espírito Santo, que apresentou o melhor desempenho (291,6), é de 46 pontos –o que representa uma diferença de quase dois níveis de proficiência. Cada nível equivale a cerca de 25 pontos.
Considerando a defasagem de aprendizagem entre estudantes de nível socioeconômico mais alto e mais baixo, Pernambuco é o estado que apresenta a menor diferença no ensino médio, enquanto o Distrito Federal apresenta a maior diferença de aprendizagem.
No 5º ano do ensino fundamental, todos estados brasileiros, individualmente, apresentaram evolução tanto em português como em matemática. Mesmo assim, a desigualdade entre os estados persiste: a diferença entre o Maranhão (233,1) e Santa Catarina (269,3) representa uma diferença média de mais de um nível de proficiência, com 36 pontos.
Já o estado mais desigual nesta etapa de ensino é o Amazonas, enquanto o Ceará é o que apresenta menor diferença entre a aprendizagem de estudantes de nível socioeconômico mais baixo e mais alto.
O que é o Saeb
Junto às taxas de aprovação, reprovação e abandono fornecidas pelo Censo Escolar, os dados do Saeb compõem o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), principal indicador de qualidade de educação no Brasil. Segundo o Inep, os dados do Ideb 2017 serão divulgados no dia 3 de setembro.
São avaliados alunos do 5º ano do ensino fundamental, do 9º ano do ensino fundamental e do último ano do ensino médio. O Saeb foi aplicado em 2017 em mais de 70 mil escolas, entre os dias 23 de outubro e 3 de novembro, para mais de 5,4 milhões de estudantes.
Segundo o Inep, 77% dos estudantes brasileiros previstos estiveram presentes no momento da aplicação das avaliações e 80% das escolas previstas cumpriram os critérios estabelecidos e, portanto, têm resultados divulgados no Saeb 2017.
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