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Tabata Amaral critica Weintraub: "Está mais preocupado em causar"

Agência Câmara
Imagem: Agência Câmara

Do UOL, em São Paulo

23/10/2019 11h22

A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) voltou a fazer críticas duras ao ministério da Educação e em especial ao comandante da pasta, Abraham Weintraub, dizendo que ele a vê como uma inimiga e posicionando-se mais uma vez contra o projeto Escola sem Partido. "O ministro está mais preocupado em fazer campanha, em causar nas redes sociais do que em fazer políticas públicas", afirmou ela, ao jornal O Globo.

Questionada se ele a vê como inimiga, ela afirmou que tem "certeza que sim, pelas coisas que ele fala para os outros deputados. Mas, eu tenho assuntos mais sérios para trabalhar e para focar. Acho que é bastante unilateral. Eu olho para ele como ministro da Educação e tenho uma excelente relação com todos os secretários. Sou muito bem recebida e levo sugestão. Não estou preocupada em ficar no plenário xingando fulano ou a mãe de não sei quem. Quando eu tenho uma dúvida, vou lá e levo uma pergunta e, depois, uma proposta."

Ao falar sobre o anúncio do descontingenciamento dos recursos nas universidades, atacou Weintraub.

"O que eu posso falar de um ministro que coloca um óculos e joga um microfone? O ministro está mais preocupado em fazer campanha, em causar nas redes sociais do que em fazer políticas públicas. Ele faz tudo, menos o que um ministro de estado deveria fazer. Ele mesmo falou isso, né? Que ele estava mais preocupado em zoar fulano e sicrano do que em pensar nos problemas da educação. Eu acho triste. Ele mostra estar pouco focado em problemas que são enormes e que dariam bastante coisa para ele pensar."

Tabata afirmou que o descontingenciamento é uma boa notícia, mas a ligou a uma mobilização da academia e dos estudantes. " É estranho ele trazer o crédito para ele, mas não resolve o problema. É muito maior, mais profundo. A gente está com várias universidades iniciando o ano com déficit nos seus orçamentos, cada vez menos dinheiro indo para pesquisa e não encontramos a solução para isso."

Tabata avaliou a mudança na pasta, de Ricardo Vélez, ex-ministro, para Weintraub: "A mudança foi muita, não necessariamente para melhor. A maior crítica que eu tinha ao Vélez era da desorganização. Foram três ou quatro meses, literalmente, de desmandos, polêmicas (...). Aquela grande fumaça, aquela grande confusão. Já o ministro Weintraub tem um poder de execução maior. O problema é que ele usa esse poder de execução para perseguir seus inimigos (...). Eu não via o Vélez com esse afinco tão grande no combate ao que Weintraub chama de marxismo cultural. Agora, independente da visão ideológica dele, a gente continua sem formação qualificada de professores, sem valorização e o debate do Fundeb está bem longe de ser finalizado e já estamos em outubro."

Tabata afirmou que o Future-se, programa do MEC para universidades que prevê uso de organizações sociais para contratação de professores do CLT, entre outros assuntos, ainda não chegou à Câmara, sequer informalmente.

Abordou também o Escola Sem Partido, com novas críticas. "A questão (...) é muito complicada por muitas razões. A primeira é que é inconstitucional. O STF já foi na direção de dizer que não vai deixar concretizar. Segundo, porque ele é um instrumento para fazer política partidária. Não vejo isso nas comunidades onde eu ando. O que vejo é que falta professor, falta material e falta tudo. (...) Eu não vou prejudicar o aprendizado de milhões de jovens porque alguém virou e falou que a tia falou que a sobrinha viu algo estranho na escola. Política pública não se faz baseado nisso".