Estudante impedida de fazer USP por homeschooling ganha ofertas de emprego
A estudante Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, que foi proibida pela Justiça de cursar engenharia civil na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) por fazer homeschooling - estudar em casa longe do acompanhamento de uma escola - recebeu diversas propostas de empregos depois que o seu caso ganhou repercussão nos últimos dias.
Elisa adotou o modelo de estudar em casa em 2018 e estuda cerca de seis horas por dia seguindo um método próprio. A estudante relata que optou pelo homeschooling quando estava no primeiro ano do ensino médio ao perceber que tinha facilidade em estudar sozinha e detalha que nessa época aprendia a matéria apenas lendo o conteúdo da apostila minutos antes da aula.
"Ir para a escola se tornou algo muito entediante para mim. Em 20 minutos eu entendia todo o conteúdo da aula e ficava o restante do tempo sem fazer nada, apenas olhando para a lousa e eu achava um desperdício porque sempre gostei muito de aprender. Na sala de aula eu não podia abrir uma outra apostila para estudar ou ler um livro. Cheguei a mudar de escola quatro vezes para ver se eu me adaptava em alguma, mas não adiantou", detalha a estudante.
Desde que começou a estudar em casa, Elisa tem prestado vestibulares para testar seus conhecimentos. A estudante já foi aprovada duas vezes em uma faculdade particular, onde devido ao seu desempenho conseguiu bolsa integral, tirou 980 na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) conquistou o 5º lugar no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da USP, em 2020.
Porém, por não ter concluído o ensino médio em uma escola tradicional e não ter o diploma, ela não conseguiu ingressar na USP. A família da estudante chegou a recorrer à justiça, no fim do ano passado, o Ministério Público foi favorável a estudante, no entanto, a liminar foi negada pela juíza Erna Tecla Maria que alegou que a modalidade de ensino homeschooling não é prevista na legislação brasileira.
"Foi uma frustração muito grande porque é uma grande conquista e não poder realiza-la por questões burocráticas foi decepcionante. A gente sabe que é uma ótima faculdade está nos melhores rankings da América Latina", diz.
Além de ter sido aprovada nas faculdades brasileiras, a estudante está na lista de espera de quatro universidades nos Estados Unidos.
Propostas de emprego em grandes empresas
Depois da negativa de ingressar na faculdade por não ter concluído o ensino médio em uma escola tradicional, o caso da estudante ganhou repercussão na última semana.
Nos últimos dias grandes empresas do setor de engenharia da capital paulista e de Sorocaba, cidade onde a estudante mora com a família, passaram a fazer convites de empregos para ela.
"Estou avaliando algumas das propostas com a minha mãe para ver se será possível conciliar as duas coisas - trabalho e estudo - já que nesse momento meu grande objetivo é me formar em engenharia civil e pretendo fazer isso antes de aceitar uma proposta de uma grande empresa", conta Elisa.
Sonho de estudar nos EUA
Desde que tomou a decisão de estudar em casa, sem o acompanhamento da escola tradicional, Elisa passou a se espelhar no modelo homeschooling utilizado nos Estados Unidos, onde a prática é aceita.
"Sempre pesquisei muito sobre como as mães americanas fazem, sobre os métodos de estudos que os alunos de lá seguem e como se organizam. Desde muito nova eu sempre quis estudar nos Estados Unidos, passei a fazer cursos online americanos e sigo buscando esse objetivo", diz.
Ainda segundo a estudante, além de estar na lista de espera de quatro universidades norte americanas, ela pretende se inscrever em mais algumas no decorrer deste ano para concorrer a bolsas de estudos fora do país.
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