Entenda o que é a Otan e qual sua relação com o conflito Rússia-Ucrânia
A crise entre Rússia e Ucrânia, que culminou nesta quinta-feira (24) com o início dos ataques de Moscou, tem como um dos pontos principais a oposição russa à entrada do país vizinho na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A Otan é uma aliança militar entre nações da América do Norte e Europa. Ela foi criada no pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no contexto da Guerra Fria, com o objetivo de impedir o avanço da influência da então União Soviética sobre os países da Europa Ocidental.
O que é a Otan?
Liderada pelos EUA, a Otan é uma aliança militar criada em 1949 por 12 países, incluindo Canadá, Reino Unido e França. Com a organização, seus membros assumiram o compromisso de ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado que fizesse parte da aliança.
Em resposta, a União Soviética criou em 1955 o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar com países comunistas do Leste Europeu. No entanto, com o fim da URSS em 1991, nações que faziam parte do grupo liderado por Moscou passaram a fazer parte da Otan.
República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Polônia, assim como as ex-repúblicas soviéticas Estônia, Letônia e Lituânia, hoje fazem parte da Otan.
Quais países participam da aliança?
Com sede em Bruxelas, na Bélgica, a Otan conta atualmente com 30 países-membros: Albânia, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, EUA, Estônia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia do Norte, Montenegro, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Turquia.
O convite para a entrada de novos países na aliança deve ter apoio unânime dos membros.
A Ucrânia quer entrar na Otan?
A Ucrânia é um país parceiro da Otan desde a década de 1990 e, em 2008, iniciou um processo para se tornar membro efetivo da aliança. Em meio à trocas de governo e à instabilidade política ucraniana nos anos seguintes, a aproximação teve idas e vindas, também devido às pressões russas contra a adesão de Kiev à organização.
O atual presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, já manifestou abertamente em diversas ocasiões sua intenção de que o país passe a integrar a Otan, inclusive cobrando um cronograma para a entrada.
Que são as vantagens de integrar a Otan?
A vantagem de integrar a Otan está na ideia de defesa coletiva, expressa no artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte: um ataque armado contra um dos países-membros "será considerado um ataque a todas" e, com isso, haverá ajuda militar mútua. Isso pode ser especialmente vantajoso para países com menor poderio bélico.
A Otan tem o próprio exército?
Em seu site, a Otan afirma ter "poucas forças permanentes próprias", mas a organização tem uma estrutura de comando militar que é usada em suas operações.
As regras da Otan preveem que cada membro deve gastar o equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) de seu país em defesa. No entanto, em 2021, somente 10 dos 30 países da aliança cumpriram com a diretriz: Croácia, EUA, Estônia, França, Grécia, Letônia, Lituânia, Polônia, Reino Unido e Romênia.
Qual a preocupação da Rússia em relação à Otan?
A Rússia quer evitar que a Otan se expanda até suas fronteiras, o que aconteceria caso a Ucrânia aderisse à aliança militar ocidental.
Com Estônia, Letônia e Lituânia já fazendo parte da organização, o presidente russo, Vladimir Putin, vê o seu país em risco de ficar cercado pela Otan, processo que avançaria com uma eventual entrada da Ucrânia na aliança.
Putin também vê a Ucrânia como parte da Rússia, e disse isso claramente dias antes de atacar o país vizinho.
"A Ucrânia virou uma colônia de marionetes. Os ucranianos desperdiçaram não só tudo o que nós demos a eles durante o tempo da União Soviética, mas tudo o que eles herdaram do Império Russo. Mesmo o trabalho de Catarina a Grande", disse Putin.
A Ucrânia tem uma grande população de russos étnicos, e vínculos sociais e culturais fortes com o país vizinho.
O que diz a Otan sobre a invasão russa?
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse nesta quinta-feira (24) que a aliança não vai enviar tropas à Ucrânia, mas apenas para países da fronteira leste da aliança — Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia. Todos eles fazem fronteira com a Ucrânia.
Ainda segundo Stoltenberg, "a Rússia pagará um preço econômico e político muito alto" pelo ataque à Ucrânia.
No fim de janeiro, os EUA anunciaram que tinham 8.500 militares de prontidão para atuar em caso de conflito no Leste Europeu, mas que elas só seriam enviadas caso a Otan decidisse empregar forças de reação rápida, noticiou a BBC Brasil. Hoje, os EUA anunciaram o envio de 7 mil militares americanos para a Alemanha.
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