Após reportagem do UOL, Justiça suspende slides com erros em escolas de SP

A Justiça de São Paulo determinou, em caráter liminar (provisório), a suspensão do uso do material digital com erros produzido pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) após o UOL revelar, na semana passada, que parte do conteúdo contém falhas graves de informação.

O que aconteceu

A decisão determina que a Secretaria de Estado da Educação deverá, dentro de um prazo de 48 horas, retirar os slides do dia a dia das escolas até que o material seja "corretamente revisado" e siga os padrões estabelecidos pelo Ministério da Educação.

A juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara da Fazenda Pública, atendeu a pedido de liminar feito pela deputada estadual Professora Bebel (PT) e estabeleceu ainda multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da medida. A parlamentar já dirigiu o sindicato dos professores estaduais de São Paulo.

Na ação, a deputada cita que, "embora tenha recuado quanto à negativa de não aderir ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o governo está distribuindo material didático digital que apresenta vários erros de informação em disciplinas como história. O UOL, mostrou, por exemplo, que slides passados a alunos do ensino fundamental 2 afirmam que Dom Pedro 2º, e não sua filha, a Princesa Isabel, assinou a Lei Áurea, em 1888, acabando com a escravidão no Brasil.

Procurado, o governo paulista disse que não foi notificado até o momento. A Secretaria da Educação afirmou que corrigiu os slides com erros e afastados os responsáveis pela produção do conteúdo.

Cerca de 50 profissionais estão dedicados desde a última semana a uma nova revisão e correção de eventuais inconsistências didáticas.
Secretaria da Educação

Os slides são uma proposta do governo paulista para ter um material 100% digital produzido pela pasta. Em agosto, o secretário da Educação, Renato Feder, chegou a anunciar que a gestão Tarcísio recusaria os livros do PNLD — algo inédito para o estado. Especialistas e professores criticaram a proposta, e o assunto virou alvo da Justiça. O governo paulista recuou.

'Imagina quanto erros podem ter?'

A Professora Bebel comemorou a concessão da liminar, mas afirmou que todo o material digital deveria ter sido suspenso. "Imagina quantos erros podem ter além desses da abolição e das praias em São Paulo?", afirma Bebel, citando também a aula na qual o governo Tarcísio 'ensina' que há praias na capital paulista.

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O UOL também mostrou que alunos do 7º ano do ensino fundamental receberam conteúdo digital em sala que afirmava que a água pode transmitir Parkinson, Alzheimer e depressão, caso esteja contaminada por mercúrio, agrotóxicos, remédios e produtos químicos em geral — não há base científica para tal afirmação.

A primeira reunião pública para tratar do tema está marcada para às 19h de hoje na Assembleia Legislativa de São Paulo. O secretário da Educação foi convidado, mas não confirmou presença.

Nós não conseguimos fazer uma curadoria em todos os slides, claro, mas a nossa luta segue agora com a realização de audiências públicas e manifestações na rua. Temos de insistir, não é possível que a secretaria cometa erros tão graves.
Professora Bebel (PT), deputada estadual

Material do governo Tarcísio cita possível transmissão de doenças pela água
Material do governo Tarcísio cita possível transmissão de doenças pela água Imagem: Reprodução

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