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Cotas deixam de avançar no ensino superior de SP

Em São Paulo

09/10/2014 10h58

Quase dois anos após o governo Geraldo Alckmin (PSDB) lançar um programa de inclusão de alunos de escola pública e negros no ensino superior paulista, o Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs (Faculdades de Tecnologia), ainda não estabeleceu a política anunciada. A iniciativa seria necessária para alcançar maior inclusão em colégios e cursos mais concorridos e atingiria as Etecs (Escolas Técnicas Estaduais).

O Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista) foi anunciado em dezembro de 2012. Participaram, além de Alckmin, os reitores das estaduais e a superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá. USP, Unicamp e Unesp decidiram por planos próprios para aumentar os índices - só a Unesp reservou vagas. O Centro Paula Souza não criou nada.

A instituição afirma que tem, desde 2006, pontuação acrescida nos processos seletivos. Há bônus de 10% para estudantes da rede pública e 3% para afrodescendentes. No segundo semestre, 76,7% dos matriculados nas Fatecs vieram de escola pública e 29,05% são negros.

A proporção geral é alta - o Pimesp estipularia 50% de alunos de escola pública, com 35% de negros e indígenas. Mas em cursos concorridos, como Logística, a inclusão é quase nula.

Emerson Teodoro, diretor do cursinho 20 de Novembro, que prepara alunos para Fatecs e Etecs, diz que entre seus 600 alunos 30% vêm de escolas particulares. "Muitas famílias de classe média não querem pagar escola e buscam as técnicas."

As Etecs ainda não oferecem isenção da taxa de inscrição do vestibulinho - contrariando lei estadual de 2007. A ONG Educafro enviou à instituição ofício exigindo mudança e promete acionar a Justiça. O Centro Paula Souza diz que a taxa de R$ 30 custeia o processo seletivo.

A assistente administrativa Janaina Caetano, de 42 anos, tentou entrar na Fatec e na Etec, mas não conseguiu. Vivendo de trabalhos temporários, não tem condições de se inscrever agora. "Deveria ser isento quem não pode pagar."

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".