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Rapaz agredido durante trote em Adamantina pode perder visão

05/02/2015 15h38

No segundo caso de trote violento de uma faculdade de Adamantina (SP), o estudante de engenharia ambiental Caio Eduardo Castilho, de 18 anos, pode perder a visão do olho esquerdo, atingido por uma substância despejada sobre sua cabeça por alunos veteranos durante o trote de recepção aos novos alunos, na noite de segunda-feira, 2. No mesmo dia, a estudante Nathália de Souza Santos, de 17 anos, teve as pernas queimadas por ácido despejado no trote contra a turma de Pedagogia das FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas).

Morador em Tupã, cidade próxima a Adamantina, Caio foi assediado pelos veteranos ao descer do ônibus, nas proximidades da escola. "Eles nos separaram por turma, colocaram a gente em fileira e nos fizeram sentar. Em seguida despejaram um monte de coisas sobre minha cabeça. Não sei o que era, sei que era fedido e aquilo escorreu para meu rosto", contou Caio.

Durante a noite o rapaz se sentiu incomodado e na terça-feira, 3, pela manhã, com aumento das dores, foi levado para uma unidade de saúde pela mãe. Encaminhado a um especialista passou por uma limpeza do olho.

No dia seguinte, transferido para Marília, o oftalmologista constatou que a lesão atingira 70% da córnea e que ele corria o risco de perder a visão do olho esquerdo. "O médico não nos disse se há recuperação, mas espero que sim; tenho outra consulta e novos exames marcados para esta sexta-feira", contou Caio. "Sinto uma dor muito forte e não estou enxergando quase nada deste olho", comentou.

"Estou muito triste e chateado porque estudei muito, passei em primeiro lugar, para agora chegar na porta da faculdade e eles não me deixarem entrar. E ainda me agrediram", declarou. "É uma decepção muito grande ver coisas como essas acontecerem em pleno século 21. Só tenho a lamentar", completou.

A polícia está apurando as agressões. Diretores da faculdade se encontrariam com o estudante na tarde desta quinta-feira, 5, para obter informações sobre o caso. A FAI divulgou nota, nas qual lamenta os trotes, "ocorridos do lado de fora da faculdade", e se solidariza com os estudantes agredidos.

Na nota, a faculdade também se coloca à disposição da polícia para prestar informações e anuncia a abertura de sindicância para apurar os trotes e identificar e punir os culpados.