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Matrícula de alunos de escola pública é recorde na Unicamp neste ano

Em São Paulo

06/04/2016 18h41

Quase metade dos alunos matriculados na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) neste ano estudou em escolas da rede pública. Das 3.243 vagas ofertadas, 1.543 (47,6% do total) foram preenchidas por candidatos que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas. Esse é o maior porcentual já atingido pela universidade.

Em 2015, segundo a Unicamp, o número de alunos da rede pública representou 30,2% do total de matriculados. A universidade não adota cotas, mas um sistema de bonificação. Até 2015, os candidatos tinham direito ao bônus somente na segunda fase do vestibular. Para este ano, os pontos extras passaram a ser acrescidos às notas tanto da primeira como da segunda etapa.

Curso mais concorrido da Unicamp, Medicina teve 68,2% das suas 110 vagas preenchidas por alunos oriundos da escola pública. O número de aprovados da escola pública, no entanto, tinha sido muito maior - 88,2% dos 110 selecionados na primeira chamada.

Outros cursos bastante concorridos também tiveram proporção alta de alunos da escola pública. Em Engenharia Elétrica, das 32 vagas disponíveis, 29 foram ocupadas por esses alunos. Já em Ciências da Computação, eles são 45 dos 55 matriculados para a turma que ingressou neste ano.

Dentre os ingressantes de escolas públicas, o índice de estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI) também aumentou. O número subiu de 27,3% em 2015 para 33,9% neste ano, o que representa 523 do total de matriculados.

O número de alunos de escola pública aprovados no vestibular foi maior do que os matriculados. De acordo com a Unicamp, na primeira lista de chamada, 51,9% dos estudantes aprovados para as 3.243 vagas disponíveis em 70 cursos de graduação vieram da escola pública. E, desses, 43% são PPI.

Metas

A adoção de uma política de bonificação mais agressiva aconteceu após o vestibular de 2015 registrar o pior resultado de inclusão social em cinco anos. À época, a avaliação interna da Unicamp foi a de que seriam necessárias políticas mais agressivas para atingir o objetivo de inclusão. Comissões internas chegaram até a debater a adoção de cotas, mas a proposta não foi à frente.

A Unicamp informou que os resultados deste ano foram muito positivos e que a universidade está muito próxima de alcançar a meta aprovada em 2013 pelo Conselho Universitário (Consu), que estabeleceu que até 2017 50% dos ingressantes sejam oriundos da rede pública, sendo que destes 35% sejam autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.

Bonificação

Neste ano, foram adicionados 60 pontos às notas da primeira fase do vestibular para candidatos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas da rede pública. Nesse grupo, os PPI ainda tiveram direito a outros 20 pontos extras.

Os que passaram para a segunda fase receberam 90 pontos a mais na prova de redação e nas provas dissertativas. Para os estudantes PPI egressos da rede pública, foram mais 30 pontos na segunda fase, além dos 90.