Geografia - Relevo brasileiro: arcabouço geológico e produção mineral
Ângelo Tiago Miranda
Relevo brasileiro: arcabouço geológico e produção mineral
Objetivos
1) Entender o que é o tempo geológico e a sua divisão em "tempo antigo" e "tempo recente";
2) Conhecer a distribuição das grandes estruturas geológicas do território brasileiro;
3) Compreender que a estrutura geológica é a base de um território, pois corresponde à sua composição rochosa e está ligada ao surgimento de minérios metálicos;
4) Conhecer a distribuição dos minérios metálicos no território brasileiro e relacioná-los com o arcabouço geológico brasileiro.
Estratégias
1) Inicialmente, é fundamental abordar o conceito de tempo geológico, que é a base necessária para o entendimento das estruturas do relevo no Brasil. O conceito de tempo geológico deve ser contrastado com o de tempo histórico. Não é um conceito comum para os alunos e seu entendimento envolve grande capacidade de abstração. Dependendo dos conhecimentos prévios dos alunos, pode ser necessário retomar a noção de escalas de tempo.
2) Um dos caminhos possíveis para explicar essa diferenciação entre tempo geológico e tempo histórico é criar um paralelo entre a coluna geológica e uma linha do tempo histórico, que pode apresentar a divisão clássica entre Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Desse paralelo surgem questionamentos importantes: que tipo de fenômeno é utilizado para assinalar a passagem entre as eras geológicas? E entre as idades da história humana? O que é um "tempo longo" para a Geologia? E para a História? Depois dessa comparação, para que os alunos possam localizar no tempo os diversos fenômenos que serão abordados, entregue para cada um uma cópia da tabela geológica da Terra.
3) Nesse momento, explique que o tempo geológico deve ser dividido em dois componentes: os "tempos antigos" e os "tempos recentes". Deixe bem claro que os "tempos antigos" abrangem o Pré-Cambriano e as eras Paleozóica e Mesozóica - e que estas se associam à configuração do arcabouço geológico. Já os "tempos recentes" abrangem os períodos Terciário e Quaternário da Era Cenozóica, associando-se à modelagem do relevo. Assim, informe que, durante a aula, a atenção será direcionada para o "tempo antigo", ou seja, a classe estudará a formação da estrutura geológica do território brasileiro. Vale lembrar que essa diferenciação em relação aos tempos geológicos (antigos e recentes) é indispensável, pois permite eliminar do pensamento dos alunos a confusão que existe entre as estruturas geológicas e as formas do modelado. O estabelecimento desses conceitos evita a reprodução de enganos, como a ideia de que "o relevo brasileiro é antigo, pois as estruturas geológicas formaram-se essencialmente no Pré-Cambriano e na Era Paleozóica".
4) Informe que o território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas, com exceção das bacias de sedimentação recente, como a do Pantanal mato-grossense, parte ocidental da bacia amazônica e trechos do litoral nordeste e sul, que são do Terciário e do Quaternário (Cenozóico). O restante das áreas têm idades geológicas que vão do Paleozóico ao Mesozóico, para as grandes bacias sedimentares, e ao Pré-Cambriano (Arqueozóico-Proterozóico), para os terrenos cristalinos.
5) Explique que, no território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas são antigas, mas as formas do relevo são recentes. Estas foram produzidas pelos desgastes erosivos que sempre ocorreram e continuam ocorrendo - e, com isso, estão permanentemente sendo remodeladas. Desse modo, as formas grandes e pequenas do relevo brasileiro têm como mecanismo de origem, de um lado, as formações litológicas e os arranjos estruturais antigos, e de outro, os processos mais recentes, associados à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas anteriores e atuais. Nesse momento, chame a atenção dos alunos para a seguinte informação, que deve ficar bem clara: grande parte das rochas e estruturas que sustentam as formas do relevo brasileiro são anteriores à atual configuração do continente sul-americano, que passou a ter o seu formato depois da orogênese andina, ou seja, após o surgimento da cordilheira dos Andes e da abertura do oceano Atlântico, a partir do Mesozóico.
6) A grande estrutura do subsolo do território brasileiro desempenha importante papel na configuração das grandes formas do relevo e no surgimento de importantes jazidas de minérios metálicos. Desse modo, pode-se dizer, de forma simplificada, que são três as estruturas que definem os grandes compartimentos de relevo encontrados no Brasil: plataformas ou crátons, cinturões orogênicos e grandes bacias sedimentares. Entregue aos alunos, nesse momento, mais um mapa do território brasileiro, no qual se apresente a localização das grandes estruturas do Brasil.
7) Nesse momento, explique, de maneira simplificada, as características de cada macroestrutura do território brasileiro, chamando sempre a atenção dos alunos para as suas respectivas localizações. Durante a explicação, não podemos esquecer de citar os tipos de rochas que encontramos nessas estruturas geológicas (magmáticas e, na sua maioria, diversos tipos de rochas metamórficas, como ardósia, gnaisses, quartzitos etc.) e que minérios metálicos poderemos encontrar nessas rochas, como, por exemplo, zinco, chumbo, cobre, níquel, manganês etc. É importante destacar que os minérios metálicos só se encontram nos escudos cristalinos, em rochas magmáticas ou metamórficas, e o Brasil é extremamente rico nesse tipo de minério, pois os escudos cristalinos afloram em cerca de 36% do território.
8) A seguir, entregue para os alunos um mapa que mostre as principais concentrações de minérios metálicos. Caso seja necessário, explique a diferença entre minerais e minérios, bem como a diferença entre os outros minérios e os considerados metálicos. Vale lembrar aos alunos que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais e exportadores de minérios, atividade que beneficia a balança comercial brasileira, mas também pode degradar o meio ambiente.
9) Com o objetivo de que os alunos reflitam sobre os problemas ambientais causados pela extração de minérios, encerre a aula com a seguinte informação, veiculada no jornal Folha de S. Paulo: "em 2008, o Brasil teve um lucro de quase 25 bilhões de dólares no seu comércio exterior: exportou mercadorias no valor de US$ 198 bilhões e importou US$ 173 bilhões. O desempenho foi recorde em todos os tempos. O resultado positivo, porém, se sustentou numa drenagem de recursos naturais, com ênfase nos minerais, como nunca houve no país e talvez também jamais tenha sido registrado no planeta. O saldo da balança comercial do setor mineral chegou a 93% do lucro total do Brasil, ou pouco mais de US$ 23 bilhões. Quase metade dessa façanha foi realizada pela Amazônia Legal, que contribuiu com US$ 10,3 bilhões em divisas para o país".
10) Em seguida, solicite aos alunos que pesquisem a lista dos principais minerais exportados pelo Brasil e quais as implicações dessa atividade extrativista no meio ambiente. Na aula seguinte, faça um sorteio e selecione alguns alunos para lerem os resultados das pesquisas. Discuta com a sala os resultados trazidos pelos alunos.
11) A tabela geológica da Terra pode ser encontrada no texto "Tabela mostra transformações na Terra". Já os mapas que foram citados neste plano de aula podem ser encontrados no "Atlas Geográfico do Brasil Melhoramentos".