Apontado pela Polícia Federal (PF) como o "mentor" do vazamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Felipe Pradella negou em depoimento ter tirado provas da Gráfica Plural. Disse que as recebeu de Filipe Ribeiro, seu colega na equipe contratada pelo consórcio Connasel para conferir e embalar provas e quis divulgar o caso pelo seu apelo jornalístico. "Ele achava que estava dando um furo de reportagem para a empresa jornalística que fosse comprar. Por isso, resolveu cobrar pelo serviço", disse a advogada de Pradella, Claudete Pinheiro. "Imaginou: "Se paparazzos (sic) cobram por uma grande foto, por que não cobrar por isso?""
Claudete afirmou que Pradella, de 32 anos, é corretor de imóveis e pai de uma criança de 4. Segundo ela, o cliente está na casa de um parente em Osasco, na Grande São Paulo. "Ele só sabe chorar. Está com vergonha." A advogada negou que Pradella tenha ameaçado a repórter do Estado Renata Cafardo, como consta do inquérito da PF.
No depoimento à polícia, o acusado afirmou que começou a trabalhar na Plural em 18 de setembro e só soube no dia 24 do desvio do caderno de prova. Ele disse que Ribeiro furtou o exame e mostrou-lhe o caderno quando os dois estavam num veículo usado pelo Connasel para transportar sua equipe. Pradella afirmou que o colega deixou o material com ele, mas não esclareceu por que Ribeiro tomou essa medida.
A polícia acredita que Pradella mentiu por causa dos depoimentos de Ribeiro, de 21, e de Marcelo Sena, de 20, contratados pelo consórcio e também indiciados pelo vazamento. Ribeiro disse ter saído da Plural com o caderno 1 do Enem (prova que seria aplicada no sábado) escondido na cueca no dia 21, por orientação de Pradella. Registros do circuito interno de TV da gráfica do dia 22 mostram o corretor pegando o caderno 2 do Enem (exame de domingo) e entregando-o para Sena, que enrola o exame numa blusa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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