Chico Anysio Humorista, escritor, roteirista, diretor e ator
12 de abril de 1931, Maranguape, CE
23 de março de 2012, Rio de Janeiro, RJ
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho nasceu em Maranguape, no interior do Ceará, em 12 de abril de 1931 e ainda criança veio com a sua família morar no Rio de Janeiro. Chico Anysio, como era conhecido, tornou-se um artista completo. Foi escritor, roteirista, diretor, ator, humorista e teve uma longa carreira, repleta de sucesso e reconhecimento popular.
Sonhou ser jogador de futebol e depois advogado, objetivos que abandou cedo, quando aos 16 anos ingressou no rádio ao vencer vários concursos de calouros e acabar atuando como ator de radionovelas. Não demorou a descobrir seu caminho no humor, gênero em que construiria sua carreira de mais de 60 anos.
Foi no rádio que ele começou a interpretar, no início dos anos 1950, o Professor Raimundo, um dos primeiros e o mais famoso personagem. Mas não seria somente o personagem que faria sucesso, pois a estrutura toda do quadro provou-se eficaz e caiu no gosto popular. Um professor numa sala de aula e uma galeria de personagens desfilando seus conhecimentos” e tipos impagáveis.
Criada pelo jornalista Haroldo Barbosa, a fórmula fez tanto sucesso que no final dos anos 1950 Chico Anysio a levou para a televisão, não só repetindo o sucesso do rádio, como se transformando por muitos anos na referência do humor no país. Durante esse tempo, atores famosos passaram pela Escolinha, a exemplo de Grande Otelo, Zezé Macedo, Rogério Cardoso, Lúcio Mauro, Tássia Camargo, bem como outros que foram lançados pelo programa ou tiveram seu início de carreira referendado por ele, como foi o caso de Claudia Jimenez (Dona Cacilda) e Tom Cavalcante (João Canabrava) entre outros.
Com o sucesso da escolinha, Chico Anysio não parava de criar e foram surgindo novos programas para a TV. Tiveram destaque e se tornaram muito populares atrações como Chico City, Chico Total e Chico Anysio Show, todos produzidos para a TV Globo e que mantiveram o humorista no ar durante décadas. Por conta desses programas e de suas participações em cinema e teatro, o humorista criou mais de duzentos personagens que acabaram ficando na memória de gerações.
Professor Raimundo
Um criador de tipos
Muitos personagens criados por Chico Anysio tornaram-se populares e seus bordões eram repetidos pelo público. Quem não se lembra do famoso “É mentira Terta?” do Coronel Pantaleão, eterno mentiroso? Ou do enfático “Idiota!” proferido pelo velho Popó? Ou ainda de “Minha vingança será maligna” do Bento Carneiro, o vampiro brasileiro? Sem falar no “É vapt-vupt” do próprio Professor Raimundo, que foi repetido à exaustão.
Assim como os bordões, são inúmeros os personagens criados por Chico que permanecem no imaginário popular e são emblemáticos ao dar vida a tipos característicos de nossa cultura. Difícil será esquecer Salomé, a dama de Passo Fundo e suas pretensas intimidades com João Baptista Figueiredo, presidente da República da época da ditadura, com quem sempre conversava pelo telefone. Ou do craque Coalhada, o jogador de futebol perna de pau que vivia contando vantagens. Ou ainda de Bozó, o funcionário da TV Globo que tentava tirar proveito de sua situação, assim como do exagerado locutor de rádio Roberval Taylor e do ator canastrão Alberto Roberto.
Os tipos eram tantos e faziam tanto sucesso que não raro algum personagem, ao contracenar com Chico, também ganhava notoriedade. Pedro Bó foi um deles. Ingênuo por natureza e acreditando em tudo o que o Coronel Pantaleão lhe dizia, logo se transformou em sinônimo de pessoa fácil de ser iludida e virou bordão nacional.
Navegando por outros mares
Chico Anysio não foi só humorista, em que pese o sucesso que fez nessa área. Sua capacidade de criação estendeu-se também para a literatura, tendo publicado mais de 20 livros, dos quais vários obtiveram sucesso como “O batizado da vaca”, “O enterro do anão” e “Como segurar seu casamento”.
Transitou pelas artes plásticas, chegando a fazer exposições em algumas cidades brasileiras. Pintava paisagens a partir das fotografias de diferentes locais que visitava e declarou em entrevistas que gostaria de ter mais tempo para se dedicar à pintura.
Foi roteirista de televisão e cinema, trabalhou como ator em novelas como “Pé na Jaca” e “Sinhá Moça” e em filmes como “Tieta”, dirigido por Cacá Diegues, além de “Se eu fosse você 2”, de Daniel Filho, projetos em que sempre pôs à prova seu talento como ator e sua inventividade na composição dos personagens.
Vida pessoal
Foi casado várias vezes, e entre seus casamentos o mais repercutido pela mídia foi com Zélia Cardoso de Mello, ex-ministra do governo Collor. Teve oito filhos e sempre procurou se aproximar deles, propiciando inclusive que vários participassem de seus trabalhos na TV.
Internado desde o final de 2011 por conta de um quadro de hemorragia digestiva, Chico permaneceu no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro por mais de três meses, e morreu no dia 23 de março de 2012 de falência múltipla dos órgãos decorrente de seu estado precário de saúde.