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Trovadorismo - origens e prosa - Crônicas, hagiografias, livros de linhagens e novelas de cavalaria

Clique e conheça a história da literatura no Brasil e em Portugal - Wikimedia commons
Clique e conheça a história da literatura no Brasil e em Portugal Imagem: Wikimedia commons

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualizado em 28/04/2014, às 15h21)

As origens da literatura de Portugal encontram-se no período que recebeu o nome de Trovadorismo, que vai de 1198 (ou 1189) a 1418.

Escolhe-se o ano de 1198 (ou 1189) como início não só do Trovadorismo, mas da própria literatura portuguesa, pois data dessa época um dos mais antigos textos literários escritos em galaico-português (ou galego-português), a "Cantiga de garvaia", do trovador Paay Soárez de Taveyrós (ou, em português contemporâneo, Paio Soares de Taveirós), dirigida a Maria Pais Ribeiro, chamada A Ribeirinha, amante do rei dom Sancho 1º.

Origens da língua

Mas por que em galaico-português?

Quando estudamos a literatura de Portugal não podemos esquecer que a formação do reino português, separado do reino espanhol, ocorre apenas quando a Guerra da Reconquista (durante a qual os visigodos cristãos, partindo da região das Astúrias, lutaram contra os árabes, expulsando-os da Península Ibérica) chega a sua fase final. Nesse ponto, assume papel preponderante a povoação de Portucale, na foz do rio Douro. O reino da Galícia (ou Galiza) localizava-se na região noroeste da Península Ibérica (e hoje é uma das comunidades autônomas que compõem a Espanha).

Antes disso, no entanto, Espanha e Portugal formavam um só conjunto de reinos mais ou menos independentes, nos quais os falares, os dialetos conviviam lado a lado, influenciando-se mutuamente. Como afirma António José Saraiva, "o galego-português e o castelhano nasceram [...] como dois dialetos da mesma língua neolatina e foram-se diversificando ao longo do tempo".

Esclarecidas, ainda que superficialmente, essas questões, podemos retornar ao Trovadorismo.

Essa primeira fase da literatura portuguesa é composta por três categorias diferentes de textos:

1) a poesia trovadoresca (que é abordada num artigo à parte: veja aqui);
2) as novelas de cavalaria; e
3) crônicas, hagiografias e livros de linhagens.

Do ponto de vista literário, os dois últimos itens são os menos importantes - e é por eles que começaremos nosso estudo.

Crônicas, hagiografias e livros de linhagens

As crônicas (ou cronicões), algumas delas ainda escritas em latim, guardam certo interesse pelo fato de representarem o início da historiografia portuguesa. Quanto às hagiografias, nascem sob a influência da cultura clerical, através de traduções de vidas de santos e relatos de milagres.

No que se refere aos livros de linhagens, são os mais interessantes, pois não se restringem à enumeração das famílias nobres, mas tratam também de outros temas. Redigidos sob orientação de dom Pedro, Conde de Barcelos, compõem a obra Portugaliae monumenta historica.

Encontramos nesses livros textos curiosos e bem escritos, como uma descrição da Batalha do Salado (travada, entre cristãos e mouros, em 1340, na província de Cádis, no sul da Espanha), bom exemplo da prosa medieval portuguesa, e o esboço de uma história universal que, evidentemente, começa com Adão e Eva e termina nos reis portugueses que reconquistaram a península. Há também a "Lenda da Dama Pé de Cabra", mais tarde recontada por Alexandre Herculano.

Novelas de cavalaria

A partir do final do século 13 - e durante o 14 - chegam a Portugal traduções do ciclo de narrativas arturianas, descrevendo as façanhas dos cavaleiros de Artur, rei e herói mítico. A influência dessas narrativas é tão grande que, segundo António José Saraiva, "numerosas pessoas em Portugal foram a partir de então batizadas com nomes de heróis daquele ciclo, como Tristão, Iseu, Lançarote e Perceval".

Tais traduções não só influenciaram os usos e costumes sociais, incluindo as festas palacianas, as cerimônias de investidura, etc., como também fizeram surgir, no período literário seguinte (o Humanismo, 1418-1527), o Amadis de Gaula (1528), elogiada novela de cavalaria cujo verdadeiro autor - português ou espanhol - permanece um mistério.