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Faculdade particular de Pernambuco vende mudas para alunos em troca de créditos de atividades extracurriculares

Reprodução do cartaz em que a faculdade oferece explicitamente a troca de horas de atividade extracurricular pela compra de mudas na Faculdade Maurício de Nassau em Pernambuco - Reprodução
Reprodução do cartaz em que a faculdade oferece explicitamente a troca de horas de atividade extracurricular pela compra de mudas na Faculdade Maurício de Nassau em Pernambuco Imagem: Reprodução

Carol Guibu

Do UOL, em Recife

30/01/2012 15h07

Estudantes da Faculdade Maurício de Nassau acusam a instituição de "vender" horas de atividade complementar. Para se formar na instituição são necessárias cerca de 200 horas de atividades extracurriculares que, segundo o MEC (Ministério da Educação), podem ser cumpridas com participações em congressos, seminários, palestras, conferências, cursos de extensão, iniciação científica ou monitoria.

De acordo com os alunos, a faculdade, através de campanhas periódicas, permite que eles adquiram produtos em troca da carga horária -- eles são incentivados a comprar mudas de plantas, cestas básicas ou livros da própria faculdade. A instituição se encarregaria também de doar esse material.

No segundo semestre do ano passado, por exemplo, houve uma campanha de venda de mudas -- a cada duas plantas adquiridas, o estudante "cumpria" uma hora de atividade complementar. De acordo com o panfleto da ação, o objetivo era “ajudar a faculdade a plantar um mundo mais verde”. 

Para um estudante que não quis se identificar, a “venda de objetos em troca de atividade complementar é apenas um paliativo para os alunos que estão para se formar e ainda não completaram as horas necessárias para isso”. “Como eu já estava sem saber o que fazer para ter essas horas extras, acabei comprando alguns livros, mas, mesmo assim, acredito que este não é o certo para o meu crescimento pessoal e profissional”, admite o estudante. 

Para o diretor do Procon-PE, José Rangel, o procedimento é “absolutamente ilegal e irregular”. “É um absurdo trocar conhecimento por planta”, afirmou Rangel. De acordo com Rangel, caso sejam confirmadas as denúncias, o órgão acionará o MEC e o Ministério Público de Pernambuco para tomar as devidas providências.

Outro lado

A direção da faculdade respondeu, através de nota oficial, que segue as normas dispostas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). Ainda de acordo com a nota, a instituição criou “projetos de responsabilidade social, sem fins lucrativos (…) que se estrutura através de ações voluntárias dos alunos”.