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Reformas atrasam início do ano letivo em 151 escolas de Alagoas

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

20/03/2012 06h00Atualizada em 21/03/2012 12h28

Enquanto os alunos da rede privada estão próximos de concluir o primeiro bimestre, estudantes de 151 escolas da rede estadual de ensino de Alagoas terão que esperar mais algumas semanas para ter início aos estudos de 2012. O problema está sendo causado pelo atraso nas obras de reformas feitas nas unidades de todo o Estado, iniciadas durante o recesso escolar. O número de alunos que estão longe das salas de aula não foi informado pelo governo, alegando a não conclusão de contagem de matrículas.

Nesta segunda-feira (19), alunos de 174 escolas iniciaram o ano letivo de 2012, uma semana após o calendário previamente divulgado –o motivo do adiamento nessas unidades foi a paralisação nacional dos professores, entre a quarta e sexta-feira da semana passada.

A reportagem do UOL visitou duas escolas onde as obras não foram concluídas, na tarde desta segunda-feira, e viu que o não início das aulas pegou de surpresa muitos estudantes em Maceió. Eles alegaram que não houve divulgação oficial das escolas que teriam o reinício das aulas e a transferência para outros prédios.

A estudante do 1º ano da escola Rosalvo Lobo, Laryane Santos, 16, foi foi informada de que as aulas não começariam hoje. Para ela, a reforma do prédio pouco evoluiu desde que foi iniciada. "Não vejo evolução nessas obras, que passaram um bom tempo paradas. Acho pouco provável que elas sejam retomadas, por completo, agora em abril. Eu não acredito, mas espero que esta questão seja resolvida o quanto antes", disse.

Na escola onde Santos estuda, a reforma ainda parece longe de ser concluída. Na unidade há infiltrações e as carteiras estão amontoadas -- algumas delas são usadas para impedir o acesso às salas em reforma. No momento em que a reportagem visitou o local, nenhum pedreiro foi localizado. 

Explicações

A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte explicou que o início do ano letivo foi adiado por diversos motivos, entre eles o atraso no início da reforma dos prédios, que tiveram de esperar o término do ano letivo de 2011 – algumas foram concluídas apenas na semana passada. Em 2011, os professores da rede estadual fizeram uma greve, que durou quase um mês.

Segundo informou a secretaria ao UOL, o governo do Estado apresentou um cronograma  para o início do ano letivo de 2012, que prevê 24 escolas começando no dia 26 de março, 65 no dia 9 de abril, 45 no dia 30 de abril e 17 com reinício em maio.

Para compensar as perdas, algumas escolas vão ter aulas aos sábados para que consigam cumprir a carga de 200 dias letivos ainda em 2012. A secretaria destacou ainda que vai adotar medidas para evitar greves, como aplicação dos novos valores do piso nacional, além de realizar concurso público entre agosto e setembro deste ano.

Segundo o órgão, o Estado também adotou outras medidas para minimizar o atraso no calendário escolar. Nas escolas em que as reformas não forem concluídas dentro do prazo, serão alugados prédios provisórios para abrigar os alunos. “Em Paripueira, por exemplo, o governo contratou uma empresa para colocar tendas com condicionadores de ar para abrigar os alunos da rede estadual que moram no município”, informou a assessoria da secretaria.

A promotora da Fazenda Pública, Cecília Carnaúba, disse que há uma ação civil pública questionando a licitação da contratação da empresa que está fiscalizando as obras de reforma nas escolas públicas. “Falou-se até que o MP estaria obstaculizando as obras, mas nossa ação não impedia o andamento da reforma, mas sim, da contratação de uma empresa”, disse.

Reformas

Em setembro de 2011, diante da precariedade da estrutura das escolas –que resultaram no ferimento de 15 alunos pelo desabamento do teto de uma escola em Campo Alegre, em agosto de 2011--, o governo decretou estado de emergência administrativa na educação. A ideia era agilizar, sem necessidade de cumprir a burocracia da licitação, as reformas necessárias em 150 escolas, que constariam em uma lista de prédios com necessidade de obras.