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Mais de 300 corretores foram afastados do Enem por má qualidade, diz MEC

Do UOL, em São Paulo

21/03/2013 19h38Atualizada em 22/03/2013 09h58

Dos 5.300 professores que trabalharam na correção das redações do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mais de 300 foram afastados durante o processo de avaliação das provas por não corresponderem aos critérios de qualidade estabelecidos pela organização do exame.

As informações são do MEC (Ministério da Educação), que nesta quinta-feira (21) anunciou a intenção de zerar as provas dos candidatos que  fizerem “gracinhas” nas próximas edições do Enem.

De acordo com o Ministério, os professores afastados tiveram seu trabalho monitorado por supervisores de qualidade, que identificaram desvios. A correção das redações do Enem foi feita virtualmente, por professores com mestrado. Cada um recebia um pacote com 50 redações por dia. Caso finalizassem o primeiro lote, recebiam mais 50 textos, com um limite máximo de 100 por dia. A correção de cada redação garantia um pagamento de R$ 2,35.

A prova de avaliação do ensino médio, que passou ser um megavestibular para as universidades federais, voltou a ser questionada nesta semana após a divulgação de redações com erros de ortografia e concordância que tiveram nota máxima (1.000 pontos).

Dois candidatos também chamaram a atenção pelo deboche em relação ao exame. O primeiro ao incluir uma receita de macarrão instantâneo na redação, cujo tema era imigração, e conseguir 560 pontos. O segundo recebeu a metade da nota possível mesmo tendo incluindo trechos do hino do Palmeiras no texto.

Em entrevista ao UOL, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) - órgão do MEC responsável pela aplicação do Enem -, Luiz Cláudio Costa, disse que a intenção ao anular os textos com conteúdo inadequado é " separar o joio do trigo". "Em respeito ao participante sério. Se esses alunos quiseram testar o sistema, precisamos ser ainda mais rigorosos", disse.

Atualmente, esse tipo de deslize é "altamente penalizado", mas não elimina o inscrito, que não leva nota zero. 

Inserção indevida

Segundo o Inep, das mais de 4 milhões de redações corrigidas, apenas 300 apresentaram "inserções indevidas" -- ou seja, tinham um trecho sem conexão alguma com o restante do texto.  

Segundo o presidente do Inep, o Enem é "um processo em aprimoramento" e, por isso, críticas à correção são bem-vindas e ajudam a enriquecer o debate técnico. O exame foi criado 1998 para diagnosticar a qualidade do ensino médio. A partir de 2009, passou a ser usado por instituições federais como prova de vestibular.

Novo patamar para 1.000

Uma nova discussão que pode ser levantada após a polêmica dos erros graves em redações com nota máxima é sobre como seriam os textos nota 1.000. O Jornal O Globo mostrou exemplos com erros de ortografia como "trousse" (em vez de trouxe) e "rasoável" (em vez de razoável).

Há uma corrente que defende a coerência do texto e articulações das ideias como prevalente sobre deslizes de ortografia e de gramática. Outro grupo considera que a nota máxima deva considerar a perfeição na grafia e na concordância.

"Acho a redação importante pois o cidadão deve saber articular suas ideias em um texto e apresentar soluções aos problemas", diz Luiz Cláudio Costa. Não há intenção alguma de o Inep retirar a redação da avaliação.