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Antes do diploma, estudantes pegam geral nas festas da "facul"

Rodrigo Bertolotto

Do UOL, em São Paulo

09/08/2013 06h10

A vida universitária normal começa e termina em festa. O primeiro ato é a recepção dos calouros. E o desfecho sonhado é a solenidade de formatura e o canudo do diploma na mão. Nesse intervalo, porém, toda a espécie de rega-bofe e folguedo serve de pretexto para esquecer as horas de estudo.

As farras nas repúblicas se profissionalizaram, com cobrança de ingressos e bebidas. E os bailes e shows promovidos por atléticas e centros acadêmicos se agigantaram e viraram megaeventos.

  • Fred Chalub/Folhapress

    Casal de estudantes se beija durante a micareta universitária em São Paulo

O caso mais exemplar é o Carnafacul, que acontece desde 2004 e já chegou a ter um público de 50 mil pagantes. A promotora da micareta  começou alugando trio elétrico e palco para festas de faculdades paulistanas nos anos 90. Daí surgiu a ideia de criar um carnaval fora de época para o público universitário.

Tamanho foi o sucesso que o Carnafacul migrou para 12 cidades: Curitiba, Maringá, Londrina, Florianópolis, Porto Alegre, Caxias do Sul, Marília, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza.

Esse nicho de entretenimento também fez surgir subgêneros musicais. O primeiro que despontou foi o tal “forró universitário” na virada do século, irradiando dos estudantes de São Paulo para o Brasil, com bandas que faziam versões pasteurizadas do estilo pé-de-serra de Luiz Gonzaga.

Por volta de 2005 surgiu o sertanejo universitário, saindo diretamente das baladas estudantis de Campo Grande (MS) para invadir Goiás, Minas Gerais e São Paulo antes de tomar o país com uma mistura de country e letras alto astral (nada de “dor de corno” ou “dor de cotovelo” dos sertanejos tradicionais) . Hoje é a música brasileira mais lucrativa.

  • Márcia Ribeiro/ Folha Imagem

    Estudantes festejam pelas ruas de São Carlos (SP) durante jogos esportivos

O sertanejo universitário, a música mais lucrativa do Brasil, é a mais popular nas micaretas atualmente, ao lado do axé, pagode e funk (ritmos que ainda não ganharam a subdivisão “universitária”).

Aliás, o adjetivo ”universitário” não tem nada a ver com o conteúdo nas letras. Em meados da década de 1960, a MPB surgiu fomentada pelo movimento estudantil, com letras elaboradas e preocupação de resgate da cultura popular.

Nada mais distante da temática do atual “sertanejo universitário”, que está mais focado em descrever o clima de farra da juventude e da solteirice. Por isso, cai como uma luva para os carnavais universitários, em que a pegação é geral e a bebida rola solta, em um verdadeiro ritual de iniciação na vida adulta.

A folia de estudantes virou um grande nicho de mercado nos últimos anos, ainda mais com a multiplicação de faculdades particulares e popularização do acesso às vagas universitárias, que aumentaram e muito o público-alvo dessas festas, calculados em 6 milhões de pessoas em todo o país.