Nesse ritmo, Brasil precisará de 25 anos para alcançar média da OCDE
Se mantiver o mesmo ritmo de progresso em educação, o Brasil levará, ao menos, 25 anos para alcançar o desempenho médio dos alunos de países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). É isso que mostra o relatório do Pisa 2012 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), divulgado nessa terça-feira (3).
O país está entre aqueles que têm evoluído em seus índices educacionais, no entanto, em passo lento. De acordo com o documento da OCDE, na última década os estudantes brasileiros melhoraram seu desempenho em matemática a uma taxa de 4,1 pontos por ano. Se o ritmo se mantiver, o país precisará de outros 25 anos para superar os 103 pontos que o separam do desempenho médio dos países da OCDE.
A situação é pior em leitura. Com um ritmo de evolução de 1,2 ponto por ano no desempenho dos alunos no exame de leitura, o Brasil demoraria mais de 71 anos para alcançar os 496 pontos da média da OCDE --hoje a média brasileira é de 410 pontos.
Para vencer a diferença de 96 pontos entre a média brasileira (405) e o desempenho dos países da OCDE em ciências (501), o Brasil precisaria manter por mais 41 anos a evolução de 2,3 ponto por ano no exame.
Salto qualitativo
"Mais preocupante do que a colocação do país em um ranking é a distância entre o desempenho dos alunos brasileiros e dos de países desenvolvidos. Esse resultado indica que o país como um todo vai ter de dar um salto qualitativo e não simplesmente fazer ações pontuais", enfatiza José Carlos Rothen, professor do departamento de educação da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos).
Para esse salto qualitativo, o país precisa superar problemas como a formação dos professores, a qualidade das escolas, o estabelecimento de currículos adequados para cada fase escolar e a criação de uma carreira docente atrativa.
O relatório aponta como desafio para o país reduzir a alta taxa de evasão de alunos que deixam as escolas por considerarem o currículo pouco atrativo, por terem de trabalhar ou pelo excesso de repetência. Em 2012, 36% dos brasileiros que fizeram o Pisa afirmaram ter repetido ao menos um ano em sua vida escolar.
"Temos que atuar principalmente com aqueles que têm maior vulnerabilidade social. Há uma necessidade de criar planos para atingir essas escolas e levar a elas bons professores, bem formados", pontua Rothen.
Inclusão de alunos
O relatório da OCDE aponta o progresso do Brasil na inclusão de jovens na escola como uma possível explicação para o baixo desempenho dos estudantes.
Segundo o documento, em 2003, 65% dos jovens de 15 anos estavam na escola, a taxa passou para 78% em 2012. Parte desses novos estudantes são de comunidades rurais ou de grupos sociais vulneráveis, o que muda consideravelmente o grupo de alunos que fizeram o exame em 2003 e em 2012.
"A questão da inclusão e da qualidade nem sempre andam juntas. Ainda estamos trabalhando com essa dívida histórica de colocar as crianças nas escolas e isso reflete nos resultados", explica Eduardo Deschamps, secretário de Educação de Santa Catarina e vice-presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).
"O país começa agora a dar atenção para a alfabetização com qualidade. Isso ainda vai ter reflexo [negativo] por muitos anos no desempenho dos alunos", considera Deschamps.
O que é o Pisa
O Pisa busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países membro da OCDE como de países parceiros. O exame foi aplicado em 510 mil alunos em 2012.
Figuram entre os países membros da OCDE Alemanha, Grécia, Chile, Coreia do Sul, México, Holanda e Polônia. Países como Argentina, Brasil, China, Peru, Qatar e Sérvia aparecem como parceiros e também fazem parte da avaliação.
A avaliação já foi aplicada nos anos de 2000, 2003, 2006 e 2009. Os dados divulgados hoje foram baseados em avaliações feitas em 2012.
RANKING DE LEITURA PISA 2012
Economias | Média |
1º - Xangai-China | 570 |
2º - Hong Kong-China | 545 |
3º - Cingapura | 542 |
4º - Japão | 538 |
5º - Coreia do Sul | 536 |
6º - Finlândia | 524 |
7º - Irlanda | 523 |
8º - Taiwan (Taipei-China) | 523 |
9º - Canadá | 523 |
10º - Polônia | 518 |
Média da OCDE | 496 |
53º - Montenegro | 422 |
54º - Uruguai | 411 |
55º - Brasil | 410 |
56º - Tunísia | 404 |
57º - Colômbia | 403 |
65º - Peru | 384 |
- Fonte: OCDE
RANKING DE MATEMÁTICA DO PISA 2012
Economias | Média |
1º - Xangai-China | 613 |
2º - Cingapura | 573 |
3º - Hong Kong-China | 561 |
4º - Taiwan (Taipei-China) | 560 |
5º - Coreia do Sul | 554 |
6º - Macau-China | 538 |
7º - Japão | 536 |
8º - Principado de Liechtenstein | 535 |
9º - Suíça | 531 |
10º - Holanda | 523 |
Média da OCDE | 494 |
56º - Costa Rica | 407 |
57º - Albânia | 394 |
58º - Brasil | 391 |
59º - Argentina | 388 |
59º - Tunísia | 388 |
65º - Peru | 368 |
RANKING DE CIÊNCIAS DO PISA 2012
Economias | Média |
1º - Xangai-China | 580 |
2º - Hong Kong-China | 555 |
3º - Cingapura | 551 |
4º - Japão | 547 |
5º - Finlândia | 545 |
6º - Estônia | 541 |
7º - Coreia do Sul | 538 |
8º - Vietnã | 528 |
9º - Polônia | 526 |
10º - Canadá | 525 |
Média OCDE | 501 |
57º - Jordânia | 409 |
58º - Argentina | 406 |
59º - Brasil | 405 |
60º - Colômbia | 399 |
61º - Tunísia | 398 |
65º - Peru | 373 |
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