Topo

Escola deve ajudar a desenvolver habilidades socioemocionais

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

21/08/2014 07h00

Além de ensinar a resolver problemas e tomar decisões, a escola do século 21 deve auxiliar crianças e adolescentes no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, ligadas às noções de responsabilidade, superação, autoavaliação, trabalho em equipe, entre outras.

"Com elas, as crianças conseguem fazer amizades e tirar dúvidas com o professor, o que promove o aprendizado acadêmico e as interações sociais", diz Alessandra Turini Bolsoni Silva, professora de psicologia clínica e do desenvolvimento da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), de Bauru.

Um estudo feito pelo Instituto Ayrton Senna e pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) constatou que os alunos que têm mais determinação ou conscienciosidade (organização e responsabilidade), por exemplo, obtêm melhor desempenho em matemática do que seus colegas de turma.

Batizado de SENNA (Social and Emotional or Non-cognitive Nationwide Assessment; Avaliação Nacional Não-cognitiva ou Socioemocional, em tradução livre), o instrumento que analisa o impacto das habilidades socioemocionais no aprendizado teve seus resultados obtidos por análise da avaliação de 25 mil crianças da rede estadual do Rio de Janeiro.

Um programa bem sucedido citado pelo estudo é o "Empresários pela Inclusão Social", de Portugal, preocupado em melhorar o rendimento e reduzir o abandono de alunos de 7ª e 8ª séries. Em grupo, os alunos aprendem a estudar e trabalhar em equipe, treinam suas competências sociais e praticam o controle da ansiedade e do excesso de críticas aos demais.

Contudo, a família não deve se privar da responsabilidade dela. O relatório afirma ainda que o estímulo dado pelos pais diminui em mais de 20% a diferença entre alunos com baixa e alta conscienciosidade.

"Os adultos devem estimular esses comportamentos e eles próprios devem ser habilidosos, sobretudo mantendo o autocontrole e interações positivas, inclusive para estabelecer limites", analisa a professora da Unesp.

A professora acredita que os pais devem prestar mais atenção às boas ações das crianças com elogios, além de se desculparem quando agem errado, perdem a paciência ou gritam, por exemplo.