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Presidente do Inep compara lutadores de UFC e resultados do Enem por Escola

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

05/08/2015 17h55

“Colocar todas [as escolas] em um único ranking produz um quadro distorcido da realidade educacional brasileira. É como colocar o Minotauro em uma luta contra Ronda e dizer que ele ganhou”, afirmou Francisco Soares, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), autarquia do MEC (Ministério da Educação) na manhã desta quarta (5), na divulgação dos dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014 por Escola.

Para aqueles que não têm intimidade com o UFC (Ultimate Fighting Championship), a comparação de Soares se referia a uma luta entre a americana Ronda Rousey, 28 anos, 1,70 m e 61 kg, e o brasileiro Rodrigo Minotauro, 39 anos, 1,90 m e 109 kg.

Soares, que é professor aposentado da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) argumenta que as escolas do país têm realidades muito diferentes e não podem ser comparadas numa única lista. Para ele, é preciso comparar as notas de escolas com perfis semelhantes e, por isso, a opção do Inep por fornecer mais indicadores que, combinados, podem gerar inúmeros tipos de rankings.

O UOL, por exemplo, optou por fazer a média entre as notas das provas objetivas do Enem por Escola e considerar apenas instituições que tiveram 60% ou mais de taxa de permanência e tem uma lista dos melhores colégios que fica diferente se o critério não é levado em conta. 

A classificação dos colégios pelas notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por Escola sempre foi criticada pelo Inep.

Rankings de escolas

Dentre os dez colégios com a melhores médias objetivas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014 por Escola, cinco têm baixo índice de permanência.

“A sociedade precisa de informações sobre essas dimensões para entender e usar, de acordo com suas necessidades, as médias de desempenho. É interessante que os pais se atentem a escolas que possuem baixo índice de permanência. Talvez elas sejam boas, mas não aceitem seu filho”, disse o ministro Renato Janine Ribeiro.

Segundo Soares, o nível socioeconômico dos estudantes faz total diferença na hora do resultado das médias. “Um aluno que possui uma família que o apoie e tenha qualidade de vida favorável provavelmente irá se destacar mais nas notas”.

De acordo com Inep, 2.227.448 estudantes matriculados no 3º ano do Ensino Médio regular foram inscritos em todo país. Desses, 1.295.954 realizaram as quatro provas objetivas e a prova de redação. 

A novidade deste ano foi o índice de permanência escolar. “Muitas escolas trazem alunos brilhantes de outras instituições para o último ano do ensino médio. Geralmente oferecem descontos, cursinhos gratuitos e excluem estudantes que tem nota baixa”, explica Soares.