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Menina de nove anos doa livros no Minhocão, em SP: 'Educação muda vidas'

Patrícia Teixeira
Imagem: Patrícia Teixeira

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

11/08/2015 21h15Atualizada em 25/02/2016 11h45

Ela ganhou o seu primeiro livro quando tinha apenas três meses. O exemplar, de plástico, era utilizado para brincadeiras na hora do banho. Hoje, com nove anos, a paulista Giovanna Zambaldi Pampolin tem um acervo de dar inveja em qualquer adulto apaixonado por leitura. Com tantas obras em casa, “a menina que doa livros” decidiu compartilhá-las aos domingos de 15 em 15 dias no Elevado Presidente Costa e Silva, conhecido como Minhocão.

A ideia surgiu há pouco mais de oito meses. Na “biblioteca pública” de Giovanna podem ser encontrados livros infantis das mais diversas temáticas, como conto de fadas, clássicos infantis, aventuras e gibis. Para os adultos há romance, suspense, poesia, crônicas, livros de fotografia, livros técnicos de comunicação, história e até biologia.

Segundo o fotógrafo e pai de Giovanna, Paulo Henrique Pampolin, 44, não há um registro de quantos livros já foram doados no Minhocão. “Sabemos que foram muitos. Sempre estamos comprando novos, que após lermos, são doados também”.

Na biblioteca de Giovanna, ninguém precisa devolver os livros. O único compromisso firmado é que, após a leitura, a obra seja doada para outra pessoa. “Não queremos que o livro simplesmente troque de estante, passe da nossa para a de alguém. Queremos que fique em uso constante”, diz Paulo. O projeto vem dando tão certo que a pequena Giovanna já recebe encomendas pelo Facebook.

“Quando alguém pede um livro que não temos, eu anoto o nome da pessoa, o livro, e-mail e telefone de contato. Se um dia viermos a ter a obra, avisamos”, explica Giovanna que quer ser pediatra e cientista quando crescer. O seu grande sonho é desenvolver vacinas e remédios para a população. “Nos dias de lazer, amo ir ao Butantã, especialmente no Museu de Microbiologia, onde passo horas olhando bactérias no microscópio”.

Por amar química, Giovanna ganhou da mãe um laboratório que fica no subterrâneo da casa, onde ela faz suas próprias experiências. Um vídeo da estudante treinando experimentos foi divulgado em sua página, que já conta com mais de 3.400 curtidas.

“Educação é a porta para um mundo melhor”

O pai de Giovanna comemora a iniciativa da filha. Para ele, a educação é a porta de entrada para um mundo melhor. “A leitura é o acelerador para isso. Os livros são as armas que precisamos para nos desenvolver pessoalmente e também para desenvolver o país. Não existe caminho de desenvolvimento que não passe por uma profunda reforma da educação”.

Giovanna conta que lê de um a dois livros por semana. Os preferidos são de aventuras. “A educação pode mudar a vida. Lendo a pessoa fica mais inteligente”, enfatiza. A jornalista Thayse Lopes, 26, concorda com a menina. Moradora de São Paulo, ela sempre passa pelo Minhocão para ver as obras disponíveis. “Achei incrível a iniciativa. Precisamos estimular a leitura e tornar a prática o mais comum possível. Espero que o projeto se estenda para outras cidades”.

Quem quiser ajudar o projeto “A menina que doa livros” basta ir até o Minhocão nas datas marcadas, ou seja, domingo sim, outro não. Pessoas de fora de São Paulo podem enviar as obras pelos correios. O endereço pode ser solicitado na página do Facebook.