Enem 2015: primeiro dia de prova teve assuntos esperados e foi conteudista
O primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2015, realizado neste sábado (24), trouxe questões de nível médio para difícil, segundo Vera Lúcia Antunes, coordenadora do Curso e Colégio Objetivo. "Foi conteudista", afirma Antunes. Os candidatos acharam a prova difícil e com questões extensas.
Neste sábado, a prova de 4h30 de duração teve 90 questões de ciências humanas e suas tecnologias e de ciências da natureza e suas tecnologias.
Para ir bem na prova, o aluno precisava ler e interpretar bem, saber os conteúdos e estar antenado em assuntos recentes, como Estado Islâmico, selfies e a economia da China. "Foi uma prova bem elaborada, com temas amplos, diversidade de tema, exigiu não só leitura de texto, o aluno tinha que saber o conteúdo para interpretar, ler gráficos e tabelas", diz Paulo Moraes, diretor de ensino do Anglo Vestibulares.
"A prova de hoje quebra uma falsa ideia de que o Enem é um exame fácil", afirma. "As questões são bem contextualizadas. A prova exige que o aluno leia, não decore, não estude com resumo".
Cobrou-se do aluno que ele soubesse autores em filosofia e conceitos em biologia para que respondesse às questões dessas duas disciplinas -- o Enem tem fama de ser uma prova que dá muita ênfase na interpretação dos enunciados. Física teve uma avaliação de "alto nível" e "abrangente", na opinião do Objetivo -- com questões que envolvem o cotidiano, uma característica do Enem.
"Já foi conteudista no ano passado", conta Antunes. E o estilo se consolidou neste ano. Em biologia, os temas de genética e fisiologia humana foram bastante exigidos; em filosofia, as questões pediam que o inscrito soubesse as ideias relacionadas a autores como Max Weber.
“Filosofia e sociologia conquistaram o seu espaço, que antes apareciam mais diluídas em história e geografia. Em história, o destaque é para as duas questões sobre África, uma sobre Pan-Africanismo e a outra sobre a importância da geopolítica da África na 2ª Guerra Mundial”, diz Célio Tasinafo, diretor pedagógico do Oficina do Estudante.
Para os professores do Objetivo, história enfocava a memória histórica do Brasil: além de saber os fatos, o inscrito precisava saber sobre os processos. Dois temas esperados foram cobrados: Era Vargas e escravidão.
Geografia foi a prova com questões mais típicas, que dependiam de uma boa leitura: "o aluno precisava ler com calma para responder o que a questão pedia", comenta Antunes. Ela cita como exemplo uma pergunta sobre a economia chinesa que explorava a mudança do socialismo no país diante da chegada do capitalismo.
Química e biologia exigentes
As questões de química e de biologia do Enem deste ano ficaram mais próximas das cobradas em vestibulares tradicionais como a Fuvest (para entrar na USP), avaliou Marcelo Carvalho, coordenador geral do Curso Etapa.
"Os enunciados estavam mais curtos, com menos contexto e pedindo o conhecimento do conteúdo." Segundo ele, a prova estava interessante mas dependia de um bom conhecimento do aluno, que poderia aproveitar os enunciados curtos para ganhar tempo na prova.
"De maneira geral, o Enem deste ano foi mais difícil que no ano passado. A disciplina de química veio com questões de nível mais alto, uma cobrança muito grande em assuntos como reações orgânicas", diz Ademar Celedônio, diretor de ensino e de tecnologia educacional do Sistema Ari de Sá.
O exame continua amanhã, quando os candidatos devem resolver 90 questões de linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias e uma redação com 5h30 de duração.
“Amanhã a expectativa é ver na prova de linguagens e códigos essa tendência de questões mais enxutas, como foi hoje. Acreditamos que a prova cobre mais autores nacionais, como foi no ano passado, diz Tasinafo.
"Em matemática, a gente espera uma abordagem em conteúdos como regra de três, porcentagem e geometria e menos em abordagens específicas do ensino médio, como funções, geometria analítica e espacial. O tema da redação é uma loteria, mas sempre tem uma abordagem social", diz o diretor do Ari de Sá.
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