Diretor agride aluno em escola ocupada em SP; veja vídeo
Nesta quarta (16), a escola estadual João Dória completa um mês de ocupação por parte dos alunos. A data é marcada também pelo registro de uma agressão a um dos alunos, Guilherme, de 17 anos.
O rapaz fez um boletim de ocorrência de lesão corporal em que o autor da agressão é o diretor da escola, Ranieri Ribeiro Rabelo. O B.O. foi feito no 50º Distrito Policial, localizado na zona leste da capital paulista. O educador avançou sobre o aluno com uma corrente, acertando-o no rosto.
Em nota enviada às 18h48, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que o diretor foi afastado de suas funções (confira a íntegra abaixo).
Um grupo de homens chegou à escola por volta das 14h30 da tarde de ontem -- horário de uma assembleia marcada para decidir os rumos do movimento na unidade.
Guilherme conta que eles traziam barras de ferro, correntes e martelos. Começaram a bater no portão, xingando os alunos e exigindo sua saída. Ele conta ainda que começou a gravar o vídeo (que aparece no alto da matéria) assim que eles chegaram e não houve sequer uma tentativa de conversa.
Além do diretor, diz o estudante, participavam do grupo seu filho, outros conhecidos deles e um professor (Claudionor) que trabalha como mediador de conflitos na escola estadual João Dória.
Os alunos contam que essa foi a terceira vez que a direção tenta retomar a escola, ocupada desde meados de novembro. Eles protestam contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) -- as mudanças na rede acabariam com o ensino médio na unidade.
No dia 4 de dezembro, após um mês de protestos nas ruas e com mais de 200 escolas tomadas pelos alunos no Estado, o governador adiou as mudanças para 2017. Mas os estudantes querem seu cancelamento e mantêm cerca de 50 escolas ocupadas a dez dias do Natal.
Outro lado
A secretaria de Educação enviou uma nota à redação comentando o caso. Leia abaixo, na íntegra:
A Secretaria da Educação do Estado repudia o ocorrido na Escola Estadual Deputado João Dória, e informa que o servidor está afastado de suas funções como educador da unidade. O processo administrativo já foi instaurado e averiguará a conduta do servidor e, caso as denúncias se comprovem, poderá culminar em seu afastamento definitivo.
A prática adotada pela Diretoria de Ensino é a do diálogo que vem sendo efetiva nas desocupações das escolas. Vale destacar que alunos e professores da escola foram recebidos pela diretoria regional de ensino no dia 4 de dezembro e que as negociações vinham ocorrendo pacificamente.
Ocupações
Até a noite de terça-feira (15), pelo menos 57 escolas ainda estavam ocupadas segundo a Secretaria da Educação do Estado.
Entre as principais reivindicações dos alunos que permanecem nas ocupações estão o cancelamento da reorganização, um cronograma fixo de audiências públicas e punição aos policiais que agiram com truculência.
No último dia 4, Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, anunciou o adiamento da reorganização escolar. "Alunos continuam nas escolas em que já estudam. Os debates serão feitos em 2016", disse.
A medida previa o fechamento de 92 escolas e reorganizava as restantes por ciclo único. Desse modo, estudantes do ensino fundamental ficariam em unidades diferentes do ensino médio.
Desde o anúncio da reorganização, alunos, pais e professores realizaram protestos em vários pontos do Estado. Eles argumentavam que o objetivo da reestruturação era cortar gastos e temiam a superlotação das salas de aulas, além de alegarem a ausência de diálogo durante o processo.
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