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Diretora "corneta" aluna por conta de comida e caso acaba na polícia em SP

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

11/03/2016 19h13

Uma adolescente de 16 anos procurou a Polícia Civil de Franca para denunciar uma suposta conduta irregular de uma diretora de uma escola estadual da cidade. Segundo a menor, a educadora a reprimiu publicamente por ter pegado três lanches no intervalo e disse que, se os comesse, ela ficaria gorda. As duas discutiram e, depois, a aluna foi suspensa das aulas. 

Segundo relato da menor, o fato ocorreu na noite de quarta-feira (9), durante o intervalo das aulas na escola estadual Professora Maria Pia Silva Castro. Na ocasião, os alunos recebiam lanche de pão com presunto e muçarela. A menor pegou três unidades, sendo que duas seriam para amigos, e, quando se preparava para comer, foi interrompida pela diretora, Ruti Coelho, que teria dito que, se ela comesse todos os lanches, iria ficar gorda.

Indignada, a menor, que estuda no terceiro ano do ensino médio, respondeu, em tom de brincadeira, que isso não era problema da diretora e que, se ela efetivamente engordasse, a educadora poderia pagar uma academia para ela. "Ela falou no meio de todo mundo, alto. Fiquei muito constrangida e, para não ficar ainda pior, resolvi brincar", disse a menor. 

Após a confusão, presenciada por outros alunos, a educadora chamou a aluna em sua sala e deu a ela uma suspensão de um dia. A menor questionou os motivos da punição, mas a diretora teria argumentado que ela detinha a autoridade para determinar a punição e que, se a aluna continuasse a insistir, a quantidade de dias seria ampliada. A menor ainda relatou que a diretora se negou a fornecer documento confirmando a suspensão.

Polícia

No dia seguinte, a adolescente foi até a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) da cidade, onde registrou a ocorrência. Segundo Clelza Maria da Silva, 45, mãe da menor e que a acompanhou até a delegacia. "Minha filha ficou muito abalada, então decidimos registrar isso. Uma diretora não pode agir assim. E essa é a forma que ela normalmente age com as pessoas", disse. "Minha filha trabalha, vai direto pra escola, é uma excelente aluna, tem ótimas notas. A diretora não deveria ter feito isso", disse.

A mãe contou ainda que a suspensão foi cumprida na quinta-feira e que a menor irá frequentar a aula normalmente nesta sexta-feira. "Só espero que não tenha nenhuma perseguição contra ela", disse.

Outro lado

Apesar do registro da ocorrência, a delegada Graciela Ambrósio, responsável pela DDM, informou que, embora o caso tenha sido registrado, não viu elementos para instaurar qualquer tipo de inquérito. "Não me parece que exista crime dizer que alguém que come muito vai engordar", disse. Ainda segundo a policial, o fato de a estudante alegar ter sido punida injustamente foge da alçada de investigação da Polícia Civil. "É uma queixa que deve ser levada à Secretaria de Educação", argumentou.

A reportagem tentou falar com Ruti Coelho, na unidade educacional que ela dirige, mas foi informada que apenas a Secretaria de Estado da Educação poderia comentar o assunto. Procurada, a diretoria de ensino de Franca confirmou o conflito entre a estudante e a diretora e informou que já abriu um procedimento para apurar a conduta da diretora, sendo que a educadora também foi visitada por um coordenador de ensino.