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Veterana de Enem, professora do PR critica divisão da prova em duas datas

5.nov.2016 - A professora de matemática Giceli Camargo, 45, presta o Enem há dez anos para testar seus conhecimentos e avaliar o ensino no Brasil - Lucas Pontes/UOL
5.nov.2016 - A professora de matemática Giceli Camargo, 45, presta o Enem há dez anos para testar seus conhecimentos e avaliar o ensino no Brasil Imagem: Lucas Pontes/UOL

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

06/11/2016 15h00

Fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é rotina na vida da professora de matemática Giceli Camargo, 45 --ela faz a prova há dez anos “para avaliar se a maneira como ensinamos está de acordo com o que é cobrado dos estudantes”.

Este ano, ela também aproveitou para incentivar o filho, que faz o exame como treineiro.

“É uma prova bem feita, requer algum preparo. Do contrário, o aluno vai mal”, avaliou. Ela achou a prova do primeiro dia deste ano “mais cansativa” que a do ano passado. “Mas é uma questão pessoal, os temas de sociologia e filosofia, ano passado, estavam mais ao meu feitio. Dessa vez, tive que esquentar a cabeça”, disse.

Giceli terminou o primeiro dia de prova --que, por coincidência, fez na mesma sala de aula em que estuda matemática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)-- com uma dúvida.

“Os estudantes cujo Enem ficou para dezembro decerto terão uma prova diferente dessa. Mas como será possível avaliá-los em comparação com quem está fazendo agora? Serão dois pesos e duas medidas. Isso significa o fim do Enem?”, questionou.

Ela classificou a medida provisória que modificou o ensino médio como “um despropósito”.

“Ela desvaloriza a função do professor”, disse. Funcionária e mãe de aluno de escola privada, ela apoia as ocupações de colégios estaduais por estudantes críticos à mudança promovida pelo governo federal. “Mas é triste ver adolescentes que estão tentando lutar por seus direitos sendo vistos como massa de manobra”, afirmou.

Ocupações e Enem

O sábado foi marcado pelo aumento no número de locais em que as provas não puderam ser realizadas por causa das ocupações dos estudantes --de 364 para 405. Por conta dos protestos, pelo menos 270 mil inscritos farão a prova em dezembro, nos dias 3 e 4.

Por um "erro de comunicação", ao menos duas escolas sediaram a prova do Enem, apesar de constarem da lista dos locais de prova divulgada pelo MEC em que o exame não seria realizado por conta das ocupações de estudantes. No total, os dois locais atenderiam 679 candidatos.

Apesar disso, o MEC minimizou os problemas e considerou o primeiro dia "tranquilo".

Os alunos das unidades afetadas não precisarão efetuar ou pagar uma segunda inscrição. Segundo o Inep, caso outras escolas venham a ser ocupadas no decorrer do final de semana, o Enem também deve ser cancelado nestas unidades. Cabe ao coordenador local a avaliação sobre a segurança do exame.

O movimento dos secundaristas, iniciado há pouco mais de um mês em colégios públicos do Paraná --contra a MP (Medida Provisória) 746, que trata da reforma do ensino médio, e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, que fixa um teto de gastos à União pelos próximos 20 anos –, ganhou força e se espalhou por outros Estados e até para universidades e institutos federais.