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Sabe responder as 2 questões de português mais difíceis do Enem?

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

08/11/2016 16h50Atualizada em 09/11/2016 15h33

Duas questões da prova de ciências da linguagem e suas tecnologias do Enem 2016 chamaram atenção pelo grau de dificuldade apresentado.

As questões 113 e 116 da prova rosa (98 na cinza, 134 na amarela, 116 na azul; 123 na cinza, 108 na amarela, 113 na azul) traziam poemas dos autores contemporâneos Ana Cristina Cesar e Armando Freitas Filho.

Questão 113 do Enem prova rosa Ana Cristina Cesar - Reprodução - Reprodução
Questão 113 da prova rosa do Enem
Imagem: Reprodução

Para o professor Antunes Rafael dos Santos, do cursinho Oficina do Estudante, a questão 113 possui um grau de dificuldade elevado devido à sua construção e também porque o candidato precisaria entender um pouco sobre os gêneros que compõem a poesia para respondê-la.

“Se tornou uma questão difícil porque, se o candidato não prestasse atenção ao fato de que o texto elenca os diversos gêneros e depois se concentra no gênero lírico, ele poderia cair em erro”, explica.

“O que causa dificuldade nos alunos é o comando da questão”, acrescenta o professor Carlos Rogério Duarte, do Curso Poliedro.

“Isso porque o candidato precisaria verificar que há relação entre as definições apresentadas no poema. Não é uma questão de compreensão de texto – ela pede que o candidato entenda o texto como um todo”, explica o professor, que complementa: “é preciso olhar o conteúdo e a forma do texto: estamos lendo um poema, mas que não tem nada de poético em seu conteúdo”.

Questão 116 da prova rosa do Enem - Reprodução - Reprodução
Questão 116 da prova rosa do Enem
Imagem: Reprodução

Já a questão 116, para o professor Antunes, apresenta um grau de dificuldade elevado por trazer um poema metalinguístico.

“É um poema que fala sobre o ato de escrever em si, com presença de linguagens figuradas para representar esse ato. Se o aluno ficasse preso somente ao sentido denotativo das palavras, ele teria muita dificuldade em responder”, afirma.

“A diferença entre as alternativas dessa questão não é muito grande, mas é disso que uma questão boa é feita”, complementa Duarte.

"São questões que não estão fora do esperado no Enem, que exigem leitura e interpretação do candidato. Pode ser que ele tenha perdido um pouco mais de tempo nelas, mas nada que invalidaria a presença dessas questões no exame", conclui o professor Antunes.

Gabaritos

Sem ter conhecimento do gabarito oficial das questões, já que ele será divulgado apenas nesta quarta-feira (9), os cursinhos debatem gabaritos extraoficiais, feitos por seus próprios professores.

“Eu não acho que a alternativa D seja impossível para a questão 113, mas a A me parece mais correta. Para a 116, ficamos tentados a escolher a A por causa dos versos iniciais, mas conversando e levando em consideração o poema como um todo optamos pela C”, afirma o professor Carlos Rogério.

“Para a questão 113 consideramos como correta a alternativa C porque há uma predominância, no texto, de temas relacionados à morte. Na questão 116, a gente percebe que todas as alternativas tratam exatamente do ato em si de escrita. Porém, o uso de alguns adjetivos acaba invalidando algumas alternativas, e nos resta a alternativa A”, explica o professor Antunes.

O gabarito extraoficial do UOL, feito em parceria com o Curso e Colégio Objetivo, aponta a alternativa D como resposta para a questão 113. Para a questão 116, a alternativa correta seria a C.

A incerteza, para Duarte, não é um problema. Ele afirma não ser impossível que o Enem adote um gabarito diferente dos escolhidos pelos cursinhos. “Ao contrário do que pode parecer, isso é natural. Na disciplina de língua portuguesa, a multiplicidade de leituras é uma riqueza”.

Atualização: O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) divulgou nesta quarta-feira (9) o gabarito oficial do Enem 2016, que aponta como respostas para as questões 113 e 116 da prova rosa as alternativas B e C, respectivamente.