Na cidade de São Paulo, 146.834 crianças esperam vagas em creches e pré-escola, segundo
dados da prefeitura paulistana publicados na última sexta-feira (13).
O número, referente ao trimeste janeiro/março, equivale a 36% do quadro de matriculados no ensino infantil do município. É como se toda a população de uma cidade de pequeno porte, como Bragança Paulista (SP), estivesse sem vagas na escola.
A maior parte do rombo está do lado de fora das creches: 93.476 crianças de até 3 anos pediram matrícula no período e não foram atendidas.
O restante do déficit, 53.358 vagas, são de crianças de 4 a 5 anos que tiveram matrícula negada em pré-escola.
No topo da lista dos sem-escola estão os distritos no "pé" do mapa da cidade e dos indicadores sociais. Na zona sul, o Grajaú tem 9.595 crianças esperando vagas (5.003 para creches).
Na seqüência, e na mesma região, vêm Jardim Ângela (déficit de 8.332), Capão Redondo (6.130) e Jardim São Luís (5.806).
Matriculados
Os registros da prefeitura mostram 405.843 matriculados em creches e pré-escolas municipais, as Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) no período.
Nas creches, as matrículas chegaram a 96.217, maior número desde junho de 2007, quando os dados passaram a ser publicados.
Mesmo com a expansão das matrículas, o déficit foi o segundo maior desde junho.
O maior rombo foi verificado entre junho-agosto, quando a falta de vagas em creches foi de 157.659, ou 215.579 considerando também as vagas que faltavam na pré-escola.
"A falta de vagas em creches na cidade é ainda maior", estima Salomão Ximenes da ONG Ação Educativa.
"Como sabem que não serão atendidos, muitos pais nem tentar fazer matrícula", diz Ximenes.
O movimento "Creche para Todos", da qual faz parte a ONG e outros setores da sociedade civil, move ação contra o secretário da Educação paulistana exigindo a publicação trimestral dos dados, conforme exige lei municipal assinada pelo ex-prefeito José Serra em 2006.
Outro lado
Nota publicada pela Secretaria Municipal de Educação afirma que "esta gestão aumentou o número de crianças de 0 a 3 anos atendidas na Rede Municipal de Ensino de 64 mil para 98 mil, o que representa um aumento superior a 50%".
A nota da assessoria de imprensa da secretaria ainda diz que "a lei que obriga a publicação trimestral dos dados foi promulgada por esta gestão".
Até a tarde da última sexta-feira, os últimos dados disponíveis no site da prefeitura eram de junho de 2007. A inclusão dos dados dos trimestres julho-setembro, outubro-dezembro e janeiro-março aconteceu depois de a reportagem de
UOL Educação procurar a Secretaria Municipal de Educação para comentar processo movido na Justiça que pede a atualização dos dados.
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