Topo

Olhos abertos para a prevenção

Lucila Cano

05/08/2011 07h00

Com a passagem do Dia Nacional da Saúde em 5 de agosto, a Fundação Dorina Nowill para Cegos (www.fundacaodorina.org.br) divulgou informações e cuidados preventivos para a saúde visual de adultos e crianças.

Segundo a instituição, a Organização Mundial da Saúde considera que 80% dos casos de cegueira no mundo poderiam ser evitados se houvesse mais ações de prevenção e tratamento. Isso, em um universo de cerca de 45 milhões de pessoas cegas e de mais 135 milhões de vítimas de limitações severas da visão.

Os números relativos ao Brasil são do Censo 2000 (os de 2010 devem estar disponíveis em outubro, de acordo com a assessoria da fundação): aproximadamente 148 mil pessoas cegas e 2,5 milhões de pessoas com grande dificuldade permanente para enxergar, a chamada baixa visão.

Na população adulta, as principais causas de cegueira são glaucoma, retinopatia diabética, atrofia do nervo ótico, retinose pigmentar e degeneração macular relacionada à idade. Entre as crianças, as causas mais sérias são glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular congênita.

Olhar de especialista

Para Eliana Cunha Lima, ortoptista e gerente de serviços especializados da Fundação Dorina Nowill, a avaliação oftalmológica é fundamental para a prevenção de doenças e a manutenção da saúde ocular.

Ela alerta para a importância da vacinação de mulheres adultas contra a rubéola, o sarampo e a toxoplasmose. Assim, mães evitam a transmissão de doenças congênitas aos filhos, afastando a ameaça da cegueira na infância.

Adultos ainda devem fazer acompanhamento regular de doenças metabólicas e pré-existentes, como pressão alta e diabetes, as quais podem causar cegueira.

Para Eliana, a prevenção da cegueira não é responsabilidade apenas dos médicos, mas também de psicólogos, professores, assistentes sociais, nutricionistas e organizações sociais. Ela esclarece que “a perda visual altera a forma das pessoas se perceberem e de se relacionarem com os outros. Porém, com tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados, a perda da visão não significa o fim de uma vida independente e produtiva. O atendimento especializado oferece ao deficiente visual tratamento adequado às suas necessidades e condições para um desenvolvimento pleno, de acordo com a sua capacidade, visando a sua inclusão social”.

Atenção com as crianças

Diz a especialista que “a integridade do sistema visual é determinante para o desenvolvimento da criança. Através da visão recebemos mais da metade das informações do meio que nos cerca. Ela fornece e organiza informações simultâneas do ambiente e permite a construção de conceitos básicos”.

Com relação às crianças, alguns cuidados podem prevenir doenças, infecções ou traumatismos oculares. Esses cuidados começam com os pais, antes mesmo da concepção dos filhos. Destacamos o aconselhamento genético em casos de casamentos consanguíneos e a realização de exames de pré-natal, uma vez que doenças como rubéola, sífilis e toxoplasmose podem causar cegueira ou baixa visão.

Recém-nascidos devem passar por exame oftalmológico sempre que forem observadas alterações oculares, tais como olhos muito grandes, lacrimejar intenso e mancha branca na pupila.

As crianças devem ser vacinadas periodicamente contra doenças como sarampo, rubéola, meningite e varíola, as quais podem provocar problemas visuais.

Não só as inflamações dos olhos, mas também as de garganta e dentes precisam ser tratadas sem demora. No convívio diário com as crianças, é fundamental deixar produtos de limpeza, objetos pontiagudos, fogos de artifício e plantas tóxicas fora do alcance delas, bem como usar cinto de segurança e as cadeirinhas recomendadas para o banco traseiro dos veículos.

Finalmente, é bom lembrar que medicamentos e colírios só devem ser aplicados mediante prescrição médica e que um médico deve ser procurado em caso de acidente com cisco ou fagulha nos olhos. É proibido esfregar os olhos ou extrair um cisco com objetos domésticos.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.