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Unidos pelo clima

Vivemos hoje um período de seca no país, principalmente na região Nordeste, onde a Bahia sofre com a perda de rebanhos, por causa da falta de chuvas - Beto Macário/UOL
Vivemos hoje um período de seca no país, principalmente na região Nordeste, onde a Bahia sofre com a perda de rebanhos, por causa da falta de chuvas Imagem: Beto Macário/UOL
Lucila Cano

19/08/2016 06h00

A festa de abertura da Olimpíada Rio-2016 não poderia ter sido mais oportuna para a defesa do meio ambiente. Em imagens singelas, mas tocantes, sementes, pequenas mudas de plantas e o próprio símbolo olímpico recriado em arcos cobertos por folhas levaram ao mundo uma mensagem que todos entendem, em qualquer idioma.

Sem dúvida, a maior festa do esporte mundial também é o maior veículo para que se proponha uma ação consciente pela preservação da qualidade da vida. Mas essa ação só será possível se, unidos, todos os países e seus habitantes trabalharem pela redução do aquecimento global.

Isso significa, da maneira mais simples que se possa explicar, que precisamos plantar mais árvores, proteger nascentes, impedir o desmatamento e substituir combustíveis poluentes por energias limpas e renováveis.

Um recorde para não ser quebrado

No final de julho, poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a Rede Globo exibiu um filme de 30 segundos que conclamava a união de nações para o controle do aquecimento global. Era o início da campanha “1,5°C: o recorde que não deve ser quebrado”: https://www.youtube.com/watch?v=ByOcI9kSY4I.

Esse recorde que não deve ser quebrado refere-se ao avanço do aquecimento e suas consequências desastrosas para todo o planeta, caso nada se faça para impedir o aumento da temperatura em mais 0,5°C. A marca do 1°C nós já atingimos, e as mudanças climáticas decorrentes desse feito não são nada gloriosas. Como bem esclarece o material de divulgação da campanha: “Ondas de calor, alterações nos padrões das chuvas, secas e inundações estão já desafiando terrenos e instalações esportivas em todo o mundo. A continuação do aquecimento global tem e terá cada vez mais impactos diretos sobre os esportes. Da prática esportiva comunitária ao esporte profissional e de alta performance, atletas, espectadores, organizadores e voluntários estão sentindo o calor e os impactos reais das mudanças climáticas”.

Por isso, muitos atletas olímpicos aproveitaram a oportunidade dos jogos no Rio para posar com mensagens e manifestar adesão à campanha em seus pronunciamentos. Sabemos todos, no entanto, que a conscientização global também depende de cada um de nós, porque pode e deve ser ampliada.

O que pode vir por aí

Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma das organizações que encabeçam a campanha, “Oos dez últimos recordes de temperatura ocorreram neste século. O ano passado foi o mais quente desde o início dos registros e tudo indica que em 2016 teremos um novo recorde. Se continuarmos nesse ritmo, enfrentaremos problemas cada vez mais graves de abastecimento de água e produção de alimentos, além da maior disseminação de doenças provocadas por mosquitos, como a zika”.

Ele está certo. Vivemos hoje um período de seca no país, principalmente na região Nordeste, onde a Bahia sofre com a perda de rebanhos, por causa da falta de chuvas. E, se retrocedermos só um pouco no tempo, logo nos lembraremos da forte seca que afetou a região Sudeste do Brasil; do retorno do Aedes aegypti que, além da dengue, nos trouxe outras ameaças, como a zika e a chikungunya; das queimadas frequentes e dos fenômenos das marés que, aos poucos, vão dilapidando o contorno das costas brasileiras.

Por sinal, esse é mais um perigo iminente, que pode afetar e até fazer países insulares sumirem do mapa. É o caso do Kiribati, formado por várias ilhas e considerado um dos mais vulneráveis ao aumento do nível dos oceanos em decorrência do aquecimento global.

Assim como os atletas olímpicos, quem quiser se engajar na campanha “1,5°C: o recorde que não deve ser quebrado” encontrará informação atualizada, materiais ilustrativos e sugestões do que fazer para ampliar o alcance da conscientização no site do Observatório do Clima: http://www.oc.eco.br/umpontocinco/.