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Plantas medicinais - Espécies vegetais curam e previnem doenças

Alice Dantas Brites, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O uso de plantas medicinais para curar e prevenir doenças é uma prática milenar, provavelmente utilizada pelo homem desde a Idade da Pedra. Um dos primeiros registros históricos dessa prática é um texto chamado "Matéria Médica", escrito no século 1 pelo médico grego Dioscórides.

Durante a Antiguidade era comum a crença de que sinais externos poderiam indicar as propriedades medicinais das plantas. Um exemplo era a convicção de que plantas com folhas em forma de coração (cordiformes) fossem úteis no tratamento de doenças cardiovasculares.

Outro método utilizado pelos antigos era a observação do comportamento dos animais após a ingestão de certas plantas. De acordo com a reação do animal, eles concluíam se aquela espécie vegetal poderia ou não ser utilizada de forma terapêutica.

 

Princípio ativo

Embora o uso medicinal das plantas seja tão antigo, foi somente no século 17 que os químicos descobriram que a ação terapêutica dos vegetais devia-se a uma mistura de certos elementos presentes em suas folhas, caules ou raízes. Essa mistura é chamada de princípio ativo. Cada um dos elementos constituintes do princípio ativo é chamado de fármaco.

No século 19 os cientistas conseguiram isolar o primeiro fármaco obtido a partir de uma planta. Mas foi só em meados do século 20, com o avanço da química orgânica e das técnicas de extração, que o conhecimento sobre as plantas medicinais se consolidou, servindo como base para a elaboração de diversos medicamentos hoje em dia produzidos pelos grandes laboratórios farmacêuticos.

 

Plantas medicinais brasileiras

Atualmente, cerca de 90 espécies vegetais são reconhecidas cientificamente por suas propriedades medicinais. Dessas espécies são extraídos cerca de 120 fármacos, que são utilizados na produção de medicamentos. Algumas dessas plantas são nativas do Brasil como, por exemplo, o jaborandi (Pilocarpus jaborandi), do qual se extrai um fármaco usado no tratamento do glaucoma, a estévia (Stevia rebaudiana), que contém uma substância utilizada como adoçante dietético, e a pariparoba (Pothomorphe umbellata), que possui um composto, descoberto recentemente, eficaz na proteção contra a ação nociva da radiação ultravioleta.

Outra prática bastante difundida é a fitoterapia, ou seja, o uso de partes vegetais (frutos, flores, folhas, caules ou raízes) para a produção de infusões, cápsulas e pomadas terapêuticas. A eficácia da maioria dos remédios fitoterápicos ainda não foi comprovada cientificamente.

Também é comum o uso de plantas medicinais na produção de bebidas como, por exemplo, o café e o chá preto. O café contém cafeína e o chá preto, uma substância chamada teína, e ambas possuem propriedades estimulantes do sistema nervoso central.

 

Riscos da automedicação

Atualmente é muito comum que as pessoas se automediquem. Esse comportamento ocorre tanto pela impossibilidade de consultar um médico como pela falta de conhecimento sobre os riscos da automedicação. Paralelamente, a procura por tratamentos alternativos para a cura ou alívio de doenças é cada vez maior. Essa busca é impulsionada pela crença de que tudo que é natural faz bem.

Existem, no entanto, diversas plantas que possuem substâncias tóxicas entre seus princípios ativos. Geralmente, essas toxinas fazem parte do sistema de defesa da planta, evitando o ataque de herbívoros e de pragas. Se ingerirmos essas substâncias, em grandes quantidades ou de forma contínua, podemos causar sérios danos ao nosso corpo. Alguns compostos presentes nos vegetais podem causar desde alergias até complicações hepáticas e sérios problemas neurológicos.

Por isso, é muito importante tomar remédios somente com uma prescrição médica, sejam eles industrializados ou naturais. Também devemos evitar ingerir medicamentos fitoterápicos indicados por pessoas que não sabemos se estão aptas a receitar tratamentos médicos. Como vimos, nem tudo que é "natural" faz bem para o nosso organismo.