Pressão - Pressão atmosférica e sua atuação sobre os tímpanos

• O barômetro de Torricelli

Se você for ao dicionário, encontrará várias definições da palavra pressão. Vamos utilizar aqui a primeira que aparece e mais outra, direcionada especificamente à física:

1. Ato ou efeito de comprimir ou apertar;
2. (Fís.) Numa superfície sujeita a ação de uma força de módulo constante perpendicular a ela, o quociente da força pela área da superfície.

A primeira explicação do dicionário não deixa claro o significado da palavra como agente de fenômenos físicos (aqueles em que ocorrem transformações na matéria que alteram apenas a energia). A segunda definição indica que pressão é a força exercida, mas não se refere apenas à força, mas também à área em que ela é aplicada. Para formarmos um conceito claro de pressão precisamos relacionar a força exercida à área a que se aplica.

Vamos procurar especificar ainda mais, deixar mais claro, o conceito físico de pressão. Para começar, relembremos algumas noções sobre matéria:

• Tudo o que ocupa lugar no espaço e tem massa é conhecido como matéria.
• A matéria é constituída por átomos (partículas fundamentais da matéria) agrupados, formando os diferentes grupamentos atômicos, os quais são conhecidos como substâncias.
• Esses grupamentos atômicos, ou até mesmo os átomos isolados, que formam as diferentes substâncias, estão em constante movimento.
  
  Podemos, portanto, entender a pressão como o resultado da força dos choques desses grupamentos atômicos sobre outros corpos.
  
  Pressão atmosférica Se nos referirmos a pressão atmosférica, o entendimento ficará mais simples: o ar é uma mistura de substâncias em estado gasoso, na qual os grupamentos atômicos movimentam-se bastante e a força de ligação entre eles é fraca. Esses grupamentos estão se chocando constantemente com os corpos imersos na atmosfera. O resultado dos impactos constantes dos grupamentos atômicos dos gases que formam a atmosfera é conhecido como pressão atmosférica.
  
  Podemos perceber a consequência desses impactos dos grupamentos atômicos nos corpos dos seres vivos. Por exemplo, ao subirmos ou descermos a serra para ir ou voltar da praia sentimos uma pressão no ouvido. Você sabe por que isso acontece?
  
  Pense no seguinte: se existir sobre a nossa cabeça uma pilha de quatro livros o peso será menor do que se esta pilha possuir treze livros. É mais ou menos isso que ocorre quando vamos para perto do mar: a "pilha de livros" aumenta, isto é, a coluna de ar atmosférico é maior sobre nossas cabeças quando estamos ao nível do mar. Desse modo, a pressão atmosférica exercida sobre nossos corpos é maior quando estamos na praia do que quando estamos no planalto, onde a camada de ar atmosférico é menor.
  
  Membrana do tímpano Por outro lado, no limite entre o nosso ouvido externo e o ouvido médio temos a membrana timpânica, a qual capta as vibrações do ar e vibra também, acionando o sistema de ossículos (martelo, bigorna e estribo) no ouvido médio, que transmite essa vibração para a janela oval no limite com o ouvido interno. Se a membrana timpânica estiver esticada demais, não conseguiremos ouvir direito e podemos até sentir dor.
  
  Ao descer a serra, a pressão no ouvido externo fica maior do que no ouvido interno, o que causa um desconforto auditivo. Parece que estamos com os ouvidos tampados ou até sentimos dor. Quando a pressão no ouvido externo é maior do que a do ouvido médio, o tímpano fica estirado para dentro, não sendo capaz de exercer suas funções de forma normal.
  
  Ao aumentarmos a pressão no ouvido médio, colocando ar para dentro desse último através da trompa de Eustáquio, ou tuba auditiva, a qual está ligada à garganta, estabilizamos a pressão dos dois lados da membrana timpânica e voltamos a ouvir normalmente.
  
  Esse desconforto auditivo também pode ocorrer quando subimos a serra, ou melhor, quando a pressão no ouvido externo é diminuída. Nesse caso o tímpano fica estirado para fora e a sensação auditiva é igual. Da mesma forma, estabiliza-se a pressão dos dois lados da membrana timpânica através da trompa de Eustáquio.
  
  Debaixo d'água
  Podemos observar a mesma situação quando nos referimos a corpos imersos na água. Apesar de possuírem pouco movimento, constante, desordenado e mediana força de atração entre eles no estado líquido, os grupamentos atômicos de uma substância estão se chocando constantemente com os corpos imersos na coluna de água. (Essa ideia vale para qualquer substância no estado líquido, o que mudará são as características de cada substância como a densidade, por exemplo.)
  
  Algumas espécies de peixes, como os peixes abissais - estranhos peixes escuros, extremamente peculiares - vivem no fundo do oceano, a 4.000 metros, onde a luz do sol não chega e a temperatura média é de 2^o C. Esses peixes só conseguem chegar à superfície da água em uma câmara barométrica, pois seus corpos só conseguem estabilizar a pressão externa com a pressão interna de seu corpo até um certo limite. Passado este, a pressão interna não pode ser diminuída e o corpo do animal estoura.
  
  O mesmo aconteceria com nossos corpos se as cabines dos aviões não fossem pressurizadas. O que primeiro sofreria esses efeitos seriam nossos tímpanos, depois outras regiões mais "moles", mais susceptíveis dos nossos corpos.
  
  Em tempo: além da pressão atmosférica e da hídrica, existem vários outros tipos de pressão, como a sanguínea, arterial, de vapor, osmótica etc.