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Cinema brasileiro - Cinema novo

Heidi Strecker, Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação

Na década de 1960 o cinema brasileiro passou por uma transformação radical. Vários novos cineastas - com a figura polêmica de Glauber Rocha à frente - surgiram dispostos a subverter tanto a maneira de realizar os filmes quanto a forma de pensar as relações entre cinema e sociedade. Surgia uma maneira diferente de fazer cinema, o cinema novo.

Uma estética foi sendo elaborada, graças também ao aparecimento de câmeras mais leves, mais fáceis de carregar. Elas passaram a ser usadas em movimento, como nas reportagens. A linguagem do cinema novo teve grande repercussão não só aqui, como em todo o mundo.

Jovens cineastas procuraram romper com a tradição de cinema até então vigente no Brasil (como os dramas, os musicais e as chanchadas), criticando a imitação do cinema feito em Hollywood.

Fator de identidade
O cinema passou a ser entendido como um fator de identidade nacional, ligado à nossa cultura e à nossa maneira de encarar o mundo. O Brasil passou a se ver refletido nas telas de cinema, como um país pobre, de grandes contrastes sociais, convivendo com a fome, a miséria e a violência. O cineasta Glauber Rocha defendeu uma "estética da fome" (expressão que ele mesmo criou): transformar as deficiências da produção cinematográfica num modo próprio de fazer cinema.

A realidade do nordeste brasileiro tomou-se um dos temas principais dos novos cineastas. "Vidas Secas", referência à clássico de Graciliano Ramos, filmado por Nelson Pereira dos Santos e "Os Fuzis", de Ruy Guerra, apresentam uma visão de um Brasil miserável e violento, poucas vezes representado nas telas de cinema. "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, conta a história de um vaqueiro foragido da polícia que se junta primeiro a um bando liderado por um fanático religioso e depois passa a integrar um grupo de cangaceiros.

Esse filme lembra as histórias da literatura de cordel (histórias populares nordestinas, impressas em folhetos que ficam expostos pendurados em cordeis e são vendidos em feiras e mercados).

Problemas urbanos, cultura de massas
Não foi apenas a cultura nordestina que serviu de matéria-prima para o cinema novo. Os problemas urbanos, a violência, a cultura de massas e a marginalidade também foram discutidos, em filmes como "A Grande Cidade", de Carlos Diegues, "Terra em Transe", de Glauber Rocha, e "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla. Além do jagunço e do retirante, entraram em cena figuras como o operário, o imigrante, o marginal, o intelectual e o cidadão de classe média.

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