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Círio de Nazaré - Procissão no Pará faz parte do folclore brasileiro

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualmente, o Círio de Nazaré é uma grande expressão da religiosidade da população amazônica e chega a reunir 2 milhões de pessoas nas ruas de Belém, no Pará. E você conhece a história do Círio de Nazaré, esse importante evento do folclore brasiliero? A devoção à Nossa Senhora de Nazaré foi introduzida no Pará pelos jesuítas, no século 17. A procissão em Belém originou-se a partir de um milagre que teria ocorrido em outubro de 1700.

Conta-se que o mulato Plácido José de Sousa encontrou a imagem da Nossa Senhora de Nazaré às margens do igarapé Murutucu. Era uma réplica da estátua que se encontra em Portugal, esculpida em madeira, com 28 cm de altura. Plácido a levou para casa mas, para sua surpresa, a imagem misteriosamente retornou ao lugar onde foi encontrada.

O fato repetiu-se outras vezes, até que ele decidiu erguer uma capela, às margens do igarapé. A história se espalhou, atraindo fiéis. Ali foi erguida, mais tarde, a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

Em 8 de setembro de 1793 houve o primeiro Círio oficial, instituído por dom Francisco de Sousa Coutinho, governador do Grão-Pará e Rio Negro. A palavra "círio" quer dizer "vela grande de cera".



Em que data é celebrado o Círio de Nazaré?

A festa acontece sempre no segundo domingo de outubro, reunindo um número incalculável de visitantes, que comparecem para pedir graças ou pagar as alcançadas. Na véspera do Círio, logo pela manhã, um cortejo de carros conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré desde a Basílica até o trapiche municipal da vila de Icoaraci.

Após a missa oficial a santa é embarcada na nau capitânia, que segue pela baía de Guarajá até a praça Mauá, acompanhada por um grande número de embarcações. Esta romaria, que abre as festividades do Círio de Nazaré' acontece desde 1986.

A comemoração se divide em três momentos: a Trasladação, que é uma procissão à luz de velas; Ocorre na noite de véspera do Círio. Nela somente a Berlinda (carro onde é levada a imagem da Nossa Senhora) é utilizada; o trajeto ocorre no sentido inverso ao do Círio.

Já o Círio, propriamente dito, que começa às seis horas da manhã com a celebração da missa. Depois o Arcebispo conduz a imagem de Nossa Senhora até a Berlinda, para dar início ao trajeto do Círio. A procissão segue em um cortejo pelos quase cinco quilômetros que separam a Catedral Metropolitana da Basílica de Nazaré. Durante o percurso, ouvem-se hinos sacros que incentivam o povo a cantar e a rezar. Nos carros de recolhimento, ou Carro dos Milagres, são depositados os pedidos e ex-votos, objetos que simbolizam o agradecimento por uma graça alcançada.

Ao redor da Berlinda e do Carro dos Milagres fica a corda, um grosso trançado de sisal com alguns quilômetros de comprimento, foi incorporada à procissão em 1868, e veio substituir a junta de bois que puxava o carro da Santa. Uma multidão de pessoas se agarra à corda, numa representação da solidariedade e fé que exige sacrifício físico e emocional. A procissão é acompanhada também por barcos, na Romaria Fluvial. Há também a queima de fogos.

Após quatro horas, a Berlinda chega ao Centro Arquitetônico de Nazaré. A imagem é retirada para a celebração litúrgica. Começam os pagamentos das promessas de caminhar de joelhos até o altar. O Bispo ergue a imagem abençoando a multidão e os fiéis gritam: "Viva Nossa Senhora!"

Uma semana após o Círio acontece o Recírio, que é uma procissão de encerramento.

É curioso observar como algumas manifestações folclóricas podem ser tematizadas por outras formas de folclore. O Círio de Nazaré, por exemplo, foi tema de samba-enredo da Escola de Samba Unidos da Viradouro, no carnaval carioca, em 2004 (). O samba descreve a festa, ao mesmo tempo que homenageia sua padroeira.