Topo

Ruanda (2) - País tenta se reerguer após guerra civil

Luiz Carlos Parejo

Ruanda está localizada na região dos Grandes Lagos Tectônicos da África (na sua faixa central) e apresenta, em seu território, grande atividade vulcânica. Possui como vizinhos a República Democrática do Congo, Uganda, Tanzânia e Burundi. A sua população de cerca de 9,4 milhões de habitantes é formada, predominantemente, por hutus (90%) e tutsis (9%). A atividade primária é a principal na vida econômica do país.

Antes da Chegada dos europeus os hutus (vindos do Congo) e os tutsis (vindos, posteriormente, da Etiópia) possuiam uma divisão de trabalho onde os hutus eram agricultores e os tutsis pastores, e uma organização política baseada em um reinado comandado por um tutsi (minoria populacional).

Os europeus se instalam no século 19, inicialmente alemães e, com a derrota alemã na primeira guerra mundial, os belgas. Inicialmente a Bégica reforça o papel político, econômico e policial dos tutsis como forma de controlar e dominar a maioria hutu, mas na década de 1950 muda de etratégia e começa a valorizar o papel dos hutus, criando uma disputa política e econômica entre as duas etnias.

Luta pelo poder

Sob a liderança dos hutus, a independência ocorre em 1962 (descolonização) e tem início uma guerra com os tutsis. Os combatentes tutsis se refugiam nos países vizinhos (especialmente Congo) e em 1990 formam a FPR (Frente Patriótica Ruandesa) e atacam ao norte do país. O governo hutu e a guerrilha tutsi chegam a um acordo de cessar fogo em 1991, que é desfeito e um novo acordo é assinado em 1993 (Acordos de Arusha - Tanzânia).

Em 1994, um atentado terrorista derruba o avião que transportava os presidentes hutus de Ruanda Juvénal Habyarimana (presidente desde 1973) e Burundi. Tem início uma guerra civil que causa a morte de quase 1,1 milhão de pessoas (13% da população do país), sendo que cerca de 90% eram tutsis, e 2,3 milhões de refugiados.

Assume o presidente Buzimungu (hutu) mas, sem apoio na Assembléia Nacional, renuncia em 2000, assumindo o cargo seu vice, Paul Kagame (tutsi), que posteriormente foi eleito democraticamente. A França acusa Kagame como o responsável pela queda do avião do presidente Habyarimana em 1994 e Kagame acusa a França de envolvimento no genocídio, o que leva a uma crise diplomática entre esses países.

A ONU instaura o Tribunal Criminal Internacional na Tanzânia e passa a julgar os réus supostamente envolvidos nos massacres de 1994, como Théoneste Bagosora , acusado de ser o cérebro por trás do genocídio de Ruanda. Junto com outros três comandantes do exército, Bagosora foi acusado de planejar e coordenar o assassinato de tutsis e moderados hutus. Vários já foram condenados, inclusive o padre católico Athanase Seromba.

Ruanda é acusada pela ONU de apoiar os guerrilheiros tutsis da República Democrática do Congo que, ao invadirem o território congolês, se apoderaram das reservas minerais, o que leva o Congo a solicitar a abertura de um processo contra Ruanda.