Terremotos - Causas e efeitos dos abalos sísmicos
Ronaldo Decicino
(Atualizado em 15/04/2014, às 10h45)
Tremores ou vibrações da superfície da crosta terrestre, de diferentes intensidades e variadas dimensões, vêm sacudindo nosso planeta há bilhões de anos. Suas causas, porém, permaneciam desconhecidas até a década de 1960. A partir dessa época, com a invenção dos sismógrafos - aparelhos capazes de registrar as ondas sísmicas ou sismos (movimentos súbitos ou tremores na Terra) -, foi possível dar início ao mapeamento de milhares de epicentros (pontos da superfície da Terra onde primeiramente chega uma onda sísmica).
O mapeamento realizado pelos sismógrafos mostrou que os sismos ou terremotos se agrupam ao longo de determinadas regiões, cinturões bem definidos, marcando os limites da movimentação das placas tectônicas (movimentos ocorridos no interior da Terra e que podem dar origem, a depender da intensidade com que ocorrem, a grandes mudanças no relevo).
O movimento lento, mas constante, dessas placas faz com que ocorram tensões no subterrâneo do nosso planeta. Essas tensões se acumulam no leito rochoso durante muito tempo, até serem subitamente liberadas sob a forma de vibrações ou ondas sísmicas, que resultam em um terremoto.
Causas dos terremotos
Há três causas principais para a ocorrência de terremotos:
- Desabamento: ocorrem por dissolução e deslizamento das massas rochosas e são causados pela força da gravidade, ocorrendo em regiões suscetíveis de dissolução dos terrenos, como as constituídas por rochas calcárias. Esses desabamentos produzem tremores bem localizados, de pequena importância.
- Vulcanismo: nas regiões vulcânicas ocorrem terremotos produzidos por explosões internas, decorrentes do escape repentino de gases sob fortes pressões. Podem, ocasionalmente, ser intensos, como foi o terremoto associado ao vulcão Vesúvio no ano de 79 d. C., quando se sepultou a cidade de Pompéia. Mesmo sendo intensos, sua propagação é limitada, afetando apenas os arredores da área vulcânica.
- Tectonismo: os terremotos mais importantes são os causados pelo tectonismo (movimento das placas tectônicas). Nesses casos, as vibrações podem ser sentidas, sem o auxílio de sismógrafos, a mais de 2 mil quilômetros do foco (do ponto de origem do terremoto).
Os sismos acontecem porque a camada mais externa da Terra, a litosfera, formada pelos primeiros 100 km de profundidade, é rígida e quebrada em diversos pedaços (placas tectônicas) que não estão parados, mas se movimentando uns em relação aos outros, como se fossem imensas lajotas que, volta e meia, tentam se encaixar.
Nos pontos onde essas placas se tocam ocorrem os maiores e mais freqüentes tremores. A causa desse movimento é a existência de forças geológicas no interior da Terra, cuja origem não é, ainda, bem conhecida.
Os grandes abalos ocorrem principalmente na região de encontro entre as placas, onde se localizam as falhas maiores, de escala continental. Uma falha é uma fratura, ao longo da qual houve um deslocamento dessas camadas ou placas tectônicas.
Efeitos dos terremotos
As vibrações sísmicas produzem efeitos mais danosos nas regiões cobertas por sedimentos pouco consolidados, muito embora as rochas duras conduzam as ondas com maior velocidade. Para entender esse fenômeno, basta imaginar um copo cheio de geléia que sofresse algum tipo de vibração. O vidro vibra com alta freqüência, mas as vibrações são imperceptíveis. Com relação à geleia, no entanto, a passagem das vibrações é facilmente visível.
Os terremotos geralmente não afetam a topografia (o desenho do relevo), a menos que o foco se situe muito perto da superfície ou que ela seja diretamente afetada pela falha responsável pelo abalo. Como exemplo famoso desse caso, podemos citar a falha de Santo André, na Califórnia (EUA), responsável pelos terremotos da cidade de São Francisco, que causam grandes deslocamentos no terreno, chegando a encurvar trilhos ferroviários e destruir centenas de casas.
Terremotos que ocorrem sob o mar podem produzir tsunamis, maremotos que determinam a formação de ondas gigantes, que podem atingir de 20 a 30 metros de altura e que se deslocam com a velocidade de 700 km/hora.
Muito embora a sismologia (estudo dos terremotos e da estrutura da Terra) esteja bastante adiantada, o homem ainda não descobriu uma maneira de prever os terremotos catastróficos. Muito interessante é a sensibilidade demonstrada por certos animais algumas horas antes das catástrofes: os pássaros param de cantar; o faisão canta de uma maneira diferente e os cães mostram-se medrosos, uivando constantemente.
Entenda a escala de medição dos terremotos
Saiba mais
Para saber sobre a ocorrência de terremotos em nosso país, leia o texto Abalos sísmicos no Brasil.