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Imelda Marcos - Corrupção, diamantes e uma coleção de sapatos

Túlio Vilela

É praticamente impossível falar de Imelda Marcos sem mencionar a trajetória política de Ferdinando Marcos, seu marido ditador. Além de ter sido a primeira-dama das Filipinas durante os 21 anos em que o país foi governado pelo ditador, Imelda foi cúmplice do marido em várias falcatruas.

Ela nasceu em 1929, nas Filipinas, mais especificamente na província de Leyte. Seus pais eram da alta sociedade filipina. Aos 18 anos de idade, Imelda Marcos venceu um concurso de beleza local, conquistando o título de "Rosa de Tacloban". Depois venceu concurso semelhante, conquistando o título de "Miss Leyte".

Em 1950, conquistou o título de "Musa de Manila", uma espécie de prêmio de consolação que ganhou do prefeito de Manila, após ter sido derrotada no concurso para eleger a Miss Manila. Imelda teria contestado o resultado desse último concurso, alegando que sua derrota não teria passado de "marmelada".

Em 1954, ela conheceu o então deputado Ferdinando Marcos. O noivado foi brevíssimo: 11 dias depois eles se casaram na Catedral de Manila. Nesse dia, ela ganhou do noivo um par de brincos, um anel de casamento com uma joia de dez quilates e um bracelete com 11 gemas, uma para cada dia de noivado.

Primeira-dama das Filipinas

Quando Ferdinando Marcos foi eleito presidente, Imelda se tornou a primeira-dama. Em 1966, quando os Beatles foram às Filipinas para uma turnê, Imelda os convidou para um café da manhã. Ela esperava que o quarteto inglês fizesse uma apresentação especial no palácio do governo. Os Beatles não apareceram, o que causou indignação entre a maioria dos filipinos. A repercussão negativa do episódio foi tal que os quatro músicos tiveram de ir embora imediatamente das Filipinas.

Após a decretação do estado de sitio, em 1972, Imelda Marcos assumiu um papel de maior destaque no governo do marido. Numa clara demonstração de nepotismo, ela foi nomeada para diversos cargos públicos.

Como enviada especial, ela foi uma espécie de embaixatriz do país, exercendo papel fundamental na abertura das relações diplomáticas entre as Filipinas e países comunistas, como a hoje extinta União Soviética, China, Cuba e os estados satélites da URSS no Leste Europeu (Alemanha Oriental, Hungria, Romênia, Tchecoslováquia). Ela também participou da abertura de relações diplomáticas com a Líbia e países do Oriente Médio.

Milhões de dólares e milhares de sapatos

Para manter seu estilo de vida extravagante, Imelda desviou milhões de dólares dos cofres públicos para comprar joias, roupas, casas e apartamentos em diversas partes do mundo. Costumava fazer compras em lojas caras de Nova York e de cidades da Europa.

Ela comprou diversas propriedades em Manhattan, entre as quais os edifícios Crown e Herald Centre. O primeiro custou US$ 51 milhões e o segundo, US$ 60 milhões. Ironicamente, ela se recusou a comprar o famoso edifício Empire State, porque era "ostentoso demais". Grande parte do dinheiro que Imelda e seu marido roubaram dos contribuintes filipinos foi depositada em contas fantasmas em paraísos fiscais. O casal tinha até uma conta na Suíça, aberta com nomes falsos: Ferdinando era "William Saunders" e Imelda era "Jane Ryan".

Em 1986, vários cidadãos filipinos invadiram o palácio presidencial e descobriram que a ex-primeira-dama tinha uma coleção de cerca de 1.200 pares de sapatos. Eram todos sapatos caríssimos. Tempos depois, Imelda declarou, com a maior "cara-de-pau", que não havia comprado todos aqueles sapatos, e que centenas daqueles pares teriam sido "presentes de admiradores". Todo esse luxo e ostentação contrastavam com as condições de pobreza e miséria em que vivia grande parte da população filipina.