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Formação de palavras - A estrutura da língua

Reprodução/O que eu tenho
Imagem: Reprodução/O que eu tenho

Nelson Bedin, Do Stockler Vestibulares

(Atualizado em 30/04/2014, às 16h14)

Veja, abaixo, os principais processos de formação de palavras, recurso importante na criação dos neologismos.

Derivação

Diz-se que há derivação quando se cria uma palavra nova a partir de apenas uma palavra ou radical, por anexação, supressão ou mesmo pela simples alteração de sua classe. A derivação, portanto, poderá ser progressiva (afixos são incorporados a uma base), regressiva (elementos são suprimidos), imprópria (não se altera a forma, só a classe).

a) Derivação prefixal: o afixo é anteposto à base: amoral, prever, desordem, refazer.

b) Derivação sufixal: o afixo é posposto à base: capitalista, servente, gostoso, realizar, docemente.

c) Derivação prefixal e sufixal: há o emprego de prefixo e sufixo, embora não simultaneamente, pois existe a palavra derivada apenas com o prefixo ou apenas com o sufixo: infelizmente, deslealdade, desordenadamente.

d) Derivação parassintética: o prefixo e o sufixo são empregados simultaneamente, gerando a palavra nova obrigatoriamente com o emprego dos dois: anoitecer (não é possível retirar o prefixo: não existe "noitecer"), entardecer, repatriar, embarcar.

e) Derivação regressiva: o produto final é um substantivo abstrato formado pela supressão de elementos mórficos de determinados verbos: amparo (amparar), combate (combater), pouso (pousar). Se o substantivo é concreto, o verbo será formado por sufixação: azeitar (azeite), plantar (planta).

f) Derivação imprópria: não ocorrem acréscimos nem supressões, apenas uma mudança proposital da classe a que a palavra primitiva pertencia:

O anoitecer no sertão é deslumbrante. - verbo transformado em substantivo.

-"O beijo da mulher aranha" está em cartaz. - substantivo transformado em adjetivo.
-Ninguém gosta de ouvir um não. - advérbio transformado em substantivo.

OBS: O desembarque foi muito alegre. O desembarcar foi muito alegre.

Radical - barc

  • Derivação parassintética - embarcar
  • Derivação prefixal - desembarcar
  • Derivação regressiva - desembarque
  • Derivação imprópria - o desembarcar

Composição

Quando se cria uma palavra nova a partir de duas ou mais palavras ou radicais já existentes, dando ao produto um sentido novo. Há dois processos distintos de composição, caso ocorra ou não alteração fonética dos elementos formadores:

a) Justaposição - não ocorre alteração fonética, reconhecendo-se os elementos formadores em sua integralidade: passatempo, malmequer, amor-perfeito, pé-de-moleque.

Obs.: O vocábulo girassol mantém as bases "gira" e "sol", ocorrendo o acréscimo de "s" apenas por uma exigência ortográfica, não ocorrendo alteração fonética.

b) Aglutinação - as palavras ou radicais que vão entrar na composição sofreu, previamente, alterações fonéticas. Dá-se o nome de metaplasmo às mudanças de forma, seja por acréscimo ou por supressão. Assim, para ocorrer a aglutinação, os elementos formadores são submetidos a metaplasmos de supressão:

  • Aférese - supressão fonética no início, como ocorre na linguagem coloquial: ta por está.
  • Síncope - supressão fonética no interior, como ocorre na linguagem coloquial: pra por para.
  • Apócope - supressão fonética no final, como ocorre na linguagem coloquial: mó por mor (antes, maior).

Analisemos um interessante exemplo de aglutinação e sua evolução.

Em português:

  • Vossa Mercê
  • Apócope de Vossa: Vos
  • Síncope de Mercê: mecê
  • Palavra composta aglutinada: vosmecê
  • Síncope de vosmecê: você (forma aceita pelo padrão culto)
  • Aférese de você: ocê (variante popular)
  • Aférese de ocê: cê (variante popular)

Em espanhol:

  • Vuestra Merced
  • Aférese, síncope e apócope de Vuestra: ust
  • Aférese de Merced: ed
  • Palavra composta por aglutinação: usted (correspondente ao português "você").

Outros exemplos de aglutinação:

  • Aguardente - água + ardente
  • Planalto - plano + alto
  • Embora - em + boa + hora
  • Fidalgo - filho + de + algo

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