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Modernismo português - As três vertentes da literatura moderna em Portugal

Oscar D'Ambrosio

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O modernismo português desenvolveu-se desde o início do século XX até o final do Estado Novo, na década de 1970. Trata-se de um período amplo, no qual três vertentes são muito importantes: o Orfismo, o Presencismo e o Neorrealismo, cada um com características marcantes e de grande influência.

O nome Orfismo está vinculado aos escritores ligados à revista Orpheu, responsável por levar para Portugal às discussões culturais da Europa, um continente imerso na eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Os intelectuais ligados à publicação buscavam deixar de lado o então acanhado meio cultural português, voltando-se para um mundo novo, regido pela velocidade, pela técnica, pelas máquinas e por infinitas possibilidades de visão do mundo.

A revista, embora influente no meio literário, teve apenas dois números em março e junho de 1915. Os destaques eram Mario de Sá-Carneio, Almada Negreiros e Fernando Pessoa. A contestação da literatura tradicional trouxe escândalo, incompreensão da crítica conservadora e insucesso financeiro, que levou a publicação à falência.

Um segundo momento foi o Presencismo. O nome vem da revista Presença, “Folha de arte e crítica”, fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e José Régio. Reuniu aqueles que não participaram do Orfismo e buscou aprofundar discussões sobre teoria da literatura e sobre novas formas de expressão. Com dificuldade, conseguiu se manter até 1940. A influência das idéias da psicanálise freudiana foi grande no sentido de reforçar os universos da individualidade criativa, da análise psicológica e da intuição.

O Neorrealismo, já na década de 1940, caracteriza-se pelo combate ao fascismo e defende a literatura como uma forma de crítica e denúncia social com uma postura combativa e reformadora, a serviço da sociedade. Seu nome provém do diálogo com a literatura brasileira, principalmente com escritores como Jorge Amado e Graciliano Ramos, justamente pela proposta de trazer um alerta contra a exploração do homem pelo seu semelhante. O socialismo marxista é a ideologia utilizada para combater a opressão. Ferreira de Castro é um exemplo. Nele reduz-se o intelectualismo e a psicologia em nome da análise de problemas de natureza social, mesma trilha de Alves Redol, Manuel da Fonseca e José Gomes Pereira, entre outros.

Portanto, desde o marco inicial, a publicação da revista Orpheu, em 1915, influenciada pelas grandes correntes estéticas europeias, como o Futurismo e o Expressionismo, ao neo-realismo, houve uma alteração de percurso. Passou-se de uma poesia mais complexa e de difícil acesso ao engajamento explícito dos neorrealistas. Em comum, porém, está a busca de um rompimento com o passado e uma visão crítica, demolidora e irreverente da arte, da política e da cultura portuguesas.

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