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Vocativo - Para "chamar" o ouvinte

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Apesar do nome deste conceito de análise sintática, o vocativo é um termo isolado da oração que faz parte do seu dia a dia. Veja o que é e saiba como identificá-lo.

"Ó de casa, posso entrar?"

Você já deve ter ouvido essa expressão curiosa e indiscreta. Pois bem, a expressão "ó de casa" no exemplo acima é um vocativo.

Vocativo é a expressão que indica um apelo. Usando um vocativo podemos invocar, no discurso direto, um interlocutor. É por isso que o uso do vocativo marca a existência de um diálogo, real ou imaginário.

Podemos ver vários exemplos de vocativos usando a interjeição ó.

Ó meu Deus, que vou fazer agora?
Ó minhas filhas, não me façam sofrer.

Temos o vocativo até no Hino Nacional, você se lembra?

Ó Pátria amada, idolatrada, salve salve!

O vocativo é utilizado tanto na linguagem afetiva ou coloquial como na linguagem elevada e poética.

Vamos ver como o poeta árcade Tomás Antonio Gonzaga chamou sua amada Marília dentro de seus versos:

Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.

O poeta romântico Castro Alves também usou o recurso do vocativo:

Dizei-me vós, senhor Deus!

Na linguagem de todos os dias, o vocativo está sempre presente. Quando redigimos cartas ou bilhetes a alguém, usamos o vocativo. Quer ver?

Querido Paulo:
Espero que você esteja bem.

No caso de cartas comerciais ou ofícios, há possibilidades diferentes de usar a pontuação.

Querido Paulo, [com vírgula]
Querido Paulo: [com dois pontos]
Querido Paulo [sem nada: uma versão mais simples]

 

O vocativo pode estar no início, no meio ou no fim da oração:
 

Minha bela, os mares não se movem...
Os mares, minha bela, não se movem...
Os mares não se movem, minha bela...


Sempre, sempre o vocativo aparece isolado entre vírgulas, se estiver no meio da oração. Claro, se estiver no começo, usamos a vírgula depois. Se o vocativo estiver no fim da oração, usamos a vírgula antes.

Outra curiosidade, pensando em análise sintática. O vocativo, por se referir a um interlocutor, não está subordinado a nenhum termo da oração.

Só mais um detalhe: Não confunda a interjeição ó com oh!, que exprime admiração, alegria ou qualquer outra forte emoção. Depois do oh exclamativo usamos uma vírgula, o que não acontece com o ó vocativo.

Oh, céus! Oh, dia! Oh, azar!

Ah, só para completar o diálogo no comecinho desse texto:

"Ó de casa, posso entrar?"
"Claro, meu amigo! Estava mesmo pensando em você."
"Oh!"

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