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Sociologia

Greve - A greve política e a greve por direitos

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A greve pode ser definida como a abstenção (ou interrupção) organizada e simultânea do trabalho levada a efeito por um grupo ou a totalidade dos trabalhadores pertencentes a uma categoria profissional ou a um local de trabalho. Historicamente, a greve tem sido a prática mais difundida e direta da ação reivindicatória dos trabalhadores perante os empregadores.


A palavra greve originou-se do francês grève, que é o nome dado a uma praça de Paris, localizada às margens do rio Sena. A chamada de Place de Grève era o local onde desde o final do século 18 os trabalhadores e os desempregados se reuniam para fazer reivindicações.

A greve é sempre uma ação coletiva e sem dúvida alguma o fenômeno social que melhor expressa o conflito e a luta de classes na sociedade moderna. Distintamente de outras formas de protesto coletivo dos trabalhadores, a greve bloqueia a produção e com isso tende a forçar uma negociação entre as partes envolvidas na relação capital/trabalho.

Os movimentos grevistas se tornaram a forma predominante de luta reivindicatória à medida que os trabalhadores adquiriram maior consciência de classe. A greve em si tem sido um importante meio, já que a participação nas paralisações possibilitou aos trabalhadores se reconhecerem como iguais, como uma classe social em oposição à outra.
 

 

Conceitos de greves

A greve é um fenômeno social tipicamente moderno que surge no âmbito do modo de produção capitalista e avança após a Revolução Industrial, porém suas características têm mudado. De modo geral, se levarmos em consideração a história da maioria dos países europeus ocidentais industrializados podemos vislumbrar duas fases distintas dos movimentos grevistas: a greve por direitos e a greve política.
 

Greve por direitos

Até o final do século 19, as greves tinham o caráter de serem movimentos reivindicatórios em defesa ou luta por melhores salários e/ou condições de trabalho. Até este período, portanto, as greves apresentavam reivindicações que tratavam de problemas e demandas de interesse único e exclusivamente dos trabalhadores.

Salário, condições do ambiente de trabalho, vantagens materiais e o reconhecimento ou aplicação prática de alguns direitos eram questões predominantes na luta dos trabalhadores, principalmente do operariado urbano.
 

Greve política

Entre o fim do século 19 e início do século 20, os movimentos grevistas europeus se converteram em importantes instrumentos de reivindicação política. É claro que os conflitos com o patronato e as questões de interesse dos trabalhadores continuaram sendo importantes fatores causadores das greves, mas agora as demandas mais amplas ganham importância central.

Essa mudança do caráter da greve foi estimulada pela ascensão das ideologias de esquerda, particularmente pelas ideias e doutrinas socialistas e anarquistas. Gradualmente, os trabalhadores procuraram através das greves conquistarem mais direitos que beneficiaram a sociedade.

O Estado e o governo foram pressionados a adotarem políticas econômicas e sociais que beneficiaram a população como um todo. Demandas propriamente políticas também entraram em cena, como, por exemplo, a luta pela extensão do voto popular (sufrágio universal).

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